No ano de 2009, o atual presidente do Sinpro-Rio iniciou um processo arbitrário e autoritário de gestão administrativa/política que se pautou pela tomada de decisões ad referendum da Diretoria, engendradas em reuniões de um pequeno grupo de diretores do Sindicato. Tal grupo - formado por interesses diversos em que se misturam interesses pessoais e político-partidários - tomou decisões que significaram a privatização da administração sindical através da terceirização de serviços. Tais medidas vieram acompanhadas da demissão de importantes funcionários, formados e aperfeiçoados através das gestões dos ex-presidentes, José Monrevi, Robespierre, Gilson Pupin e Francilio Paes Leme.
Tudo aconteceu à revelia da discussão em Diretoria, ferindo os mais elementares princípios da uma democracia. Um verdadeiro AI-5 em que 13 funcionários foram demitidos, instalando-se um novo regime de contratações privilegiando a política do compadrio, dos favorecimentos pessoais e a implantação de um regime interno de dedurismo e pressão sobre os funcionários que conseguiram permanecer no emprego.
O presidente e seus agora fiéis seguidores tiveram e continuam tendo o comportamento semelhante ao dos piores patrões que, inicialmente demitem os funcionários que “se tornaram caros (chamados de altos salários), acompanhados dos que resistem às injustiças, reivindicando seus direitos. Assim foi no Sinpro-Rio. Uma tragédia que manchou a brilhante história dos nossos 80 anos de luta. Como disseram professores em nosso blog (http://articulandoeducadores.blogspot.com) - foram demissões arbitrárias, revestidas de caráter político-ideológico e baseadas numa concepção econômica neoliberal de que “o sindicato que eu quero” tem que ser construído mesmo que seja com o sangue, o suor e as lágrimas dos outros.
Os atos autoritários e desumanos do atual presidente e do seu grupo de fiéis seguidores foram alvos de denúncia à categoria por parte do Articulando Educadores e, para se entender o acontecido nada melhor que os relatos daqueles que foram diretamente atingidos.
O relato a seguir foi prestado pela funcionária Marcia Thimoteo ao Articulando Educadores
Marcia Maria Thimoteo da Silveira
Admissão: 1/03/1979
Demissão: 21/06/2010
(31 anos de casa)
“Fui admitida em 1979, durante a primeira gestão do Professor José Monrevi, iniciando meu trabalho na Recepção. Ao final do ano de 1979 fui removida para trabalhar na Tesouraria.
Em 1983 (na segunda gestão do professor Monrevi) passei a elaborar os cálculos dos processos trabalhistas do Sindicato, que me colocou para fazer alguns cursos na LTR e na Coad, visando ao aprimoramento do meu trabalho.
Em 1984 (já na gestão do professor Robespierre), a Diretoria de então aprovou proposta do presidente de que eu poderia trabalhar só na parte da tarde e cursar a Faculdade de Economia. Assim, adquiriria conhecimentos necessários ao serviço de assistência técnica às perícias previstas nos processos trabalhistas.
Iniciei a Universidade em março de 1985, em 1986 fui promovida para ser Chefe do Departamento Jurídico e elaborar todos os cálculos processuais do Sindicato.
Em 1987, fui convidada pelo professor Pierre a trabalhar na eleição do Sindicato como secretária do processo eleitoral da entidade. Fiquei responsável junto à Delegacia Regional do Trabalho em acompanhar todo o trabalho e dar assessoria ao procurador do Trabalho designado para proceder à apuração da eleição.
Em março de 1993 (na segunda gestão do professor Gilson Puppin) fui novamente promovida para o cargo de Assistente Técnica Contábil, ocasião em que assumi todas as perícias judiciais do Sindicato e deixei de ser chefe do Departamento Jurídico.
Continuei trabalhando nos processos eleitorais, inclusive na eleição do atual presidente, por indicação do professor Francilio Paes Leme, pois havia adquirido uma vasta experiência e, com isto, colaborava para que tudo transcorresse da melhor forma possível.
Após um tempo de mandato do atual presidente, professor Wanderley Quêdo, comecei a ser perseguida. Fui transferida para uma sala do 4º andar, onde não havia condições de trabalho. Fiquei junto com a empregada do D.P. trabalhando num local que fedia a mofo, não possuía água, não tinha impressora, realmente um lugar sem qualquer condição. Passei então a solicitar que fossem criadas condições dignas, pois minha saúde já estava sendo afetada.
Após alguns meses reclamando da péssima situação do quarto andar fui chamada na sala do atual presidente. Lá chegando me deparei com ele e mais dois diretores: o professor Marcio Fialho (Jurídico) e professora Vera Câmara (Patrimônio).
O presidente disse então que meus serviços não eram mais necessários e que estava demitida. Indaguei como eu iria passar meu trabalho, pois ele tinha um conteúdo técnico. Fui informada então que “era para sair de sua sala arrumar minhas coisas e ir embora, pois, ele e a Diretoria não mais queriam que eu permanecesse no Sindicato e que deveria me retirar com tudo que fosse meu, o mais rápido possível”.
O que me deixou indignada, é como uma pessoa que trabalha numa entidade de classe durante 31 anos e quatro meses pode, de um momento para o outro, se tornar nociva a esta categoria e ao Sindicato. Foi muito triste para mim e minhas filhas que nasceram e foram criadas aprendendo a brigar por justiça sob a inspiração das lutas do Sinpro-Rio.”
O relato a seguir foi prestado pela funcionária Ana do Vale ao Articulando Educadores
Ana do Vale
Admissão: 1/03/1985
Demissão: 1/09/2010
(25 anos de casa)
“Fui contratada na gestão do professor Robespierre Martins Teixeira para exercer a função de chefe de Secretaria, trabalhando diretamente com os membros da Executiva e o advogado Humberto Jansen, assessor jurídico da Diretoria. Trabalhei muitos sábados com o ex-presidente, professor José Monrevi Ribeiro, organizando o arquivo do Sindicato.
Por estímulo do professor Robespierre criamos a Associação de Funcionários do Sinpro-Rio.
No mandato do professor Puppin, o sindicato me proporcionou a oportunidade de frequentar o curso adicional de professores no Colégio Estadual Ignacio do Azevedo Amaral.
Nos mandatos do professor Francilio Paes Leme fui orientada a fazer o curso de Informática para atender às necessidades da entidade.
Com a fundação da “Escola do Professor”, em 2000, na gestão de Francilio, fui colaborar com a equipe educacional da referida Escola, por três anos. No ano de 2003, ainda no mandato do professor Francilio, fui convidada para trabalhar na Subsede da Barra da Tijuca, recém-inaugurada. Junto com o funcionário Sérgio Vilela Crespo, também demitido, formávamos a equipe necessária à sustentação político-administrativa desta Subsede, onde permaneci até a minha demissão. Trabalhei também nas Bienais do Livro, em Congressos, nas assembleias realizadas na Sede e na Uerj e auxiliando a advogada responsável pelos dissídios.
Minha demissão me foi comunicada pelas diretoras Maria do Céu Carvalho e Mariza de Oliveira Muniz, que ensaiaram um discurso do tipo: “você é uma boa funcionária, não temos nada contra você, mas estamos demitindo para cortar custos”. Que ironia, logo a professora Mariza. Lembrei do empenho do professor Francilio em lutar contra a demissão desta professora por ocasião da sua demissão no Colégio Zacaria, valendo-lhe inclusive um processo na Justiça Criminal.
As demissões se constituíram em grande surpresa para todos os funcionários do Sinpro-Rio. Não pelo argumento que nos foi dado - “economia nos gastos da entidade e valores elevados dos nossos salários”, contraditório, por sinal, porque também foram demitidos vários funcionários que recebiam salários inferiores ao meu.
Hoje, entendo o objetivo claramente político das demissões. Afastar a maioria dos funcionários que conviveram com Diretorias passadas para promover a terceirização dos serviços e concentrar o poder político nas mãos de um pequeno grupo.
Sofri até o dia 28 de outubro, somente quando foi feita minha homologação, em função de vários erros no FGTS, por incompetência da firma terceirizada e contratada pelo atual presidente, para as funções de DP, antes exercidas pela funcionária Denise Ezequiel C. Lopes, também demitida. Tal incompetência gerou prejuízo para o Sindicato que foi obrigado a pagar multa rescisória.
Ao longo destes 25 anos fiz amizade com muitos professores que não conseguem entender o porquê da minha demissão. Foi uma experiência de vida em que sempre procurei colaborar para as lutas do Sinpro-Rio, entidade que conseguirá seguir adiante seu caminho, apesar dos mal intencionados.”
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Nota de esclarecimento do Articulando Educadores sobre as demissões de funcionários
Os responsáveis por tais demissões, quando questionados, costumam atribuí-las à necessidade de cortar custos demitindo funcionários de “altos salários”. Chamamos atenção para o que acontece com centenas de colegas que são demitidos das escolas e universidades, ou têm sua carga horária ilegalmente reduzida quando passam a “ser caros” para as instituições de ensino, ou seja, quando com muitos anos de trabalho ganham anuênios (1% por ano) ou triênios (3% a cada três anos). Reparem os casos das funcionárias que deram seus depoimentos. A primeira recebia 31% de anuênios e a segunda 25%, pois pela lei, os funcionários do sindicato gozam dos mesmos direitos da categoria. Nunca, nos 80 anos da nossa história, houve demissões por este motivo. O Articulando Educadores repudia a atitude patronal do atual presidente e dos seus fiéis seguidores.
Pois é. Damos o poder e aí descobrimos quem são as pessoas de fato. Lamento muito isso, pois sempre foi muito bem atendido no sindicato, inclusive pela Ana que buscava sempre uma solução para os problemas apresentados. Precisamos de renovação sim, mas não de funcionários. Precisamos de renovação dessa diretoria kadafiana que está aí há um tempão e não disse para que veio. É lamentável.
ResponderExcluirTristeza!!!!!!!!!! Decepção !!!!! Eu que imaginava que poderia procurar o SINPRO-RIO para justamente denunciar esse tipo de problema em minha instituição, agora vejo que estou só!!!! Sozinha, abandonada e sem a menor confiança em minha própria entidade de classe. Fazer o quê? Acho que mandar cancelar minha mensalidade paga ao sindicado talvez seja o primeiro passo.
ResponderExcluirSei exatamente como se sentem. Anos atrás também fui despedida da Cultura Inglesa pelos mesmos motivos,faltando só cinco anos para a minha aposentadoria e tendo trabalhado e me qualificado de acordo com as demandas da instituição por 13 anos. Senti-me traída na época, mesmo porque a minha diretora, Adriana, da filial Leblon, ex-colega de trabalho até em outra instituição de ensino, me havia afirmado, no meio do ano, que eu não deveria temer, pois a minha carga horária para o ano seguinte estava garantida. Para minha surpresa, no final do ano desta mesma "afirmação", fui sumariamente despedida. Motivo alegado: eu havia casado - agora tinha marido, como ouvi dela. Nem sei se foi pura gozação, mas fiquei paralisada. Soube depois que poderia ter garantido o meu plano de saúde, uma vez que havia trabalhado na instituição por mais de 10 anos. Eu ia ver esta situação do plano no Sinpro, já que agora sou professora concursada, sem triênios e com salário bem baixo para poder pagar um plano de saúde decente + meu inss para efeito de minha aposentadoria, mas estou preocupada...
ResponderExcluirTambem acho lamentavel mas vale ressaltar que nós professores vivemos isso em algumas escolas nas quais trabalhamos também por longos periodos ..e tb somos demitidos sem nem sequer saber o real motivo pois no meu ponto de vista os motivos sao em sua maioria de ordem pessoal e não profissional ..porque escolher entre uns..claro que sempre se visa preservar os interesses pessoais... apadrinhamentos ..visando se manterem em seus cargos.. não interessa manter pessoas que incomodem ou apontem falhas ..que democracia é essa.??. Bom estou me referindo a um colégio a principio de funcionários ..que tem um belo discurso democratico mais na pratica o que vemos é algo semelhante do que vemos hoje no sinpro-rj... e o que mais me deixa perplexa é que esse diretor atual do sinpro-rj foi professor desse mesmo colegio o qual me refiro.. nossa que assustador.. em quem vamos confiar ???
ResponderExcluirÉ por isso que me desliguei desse sindicato, não confio mais!
ResponderExcluirDevemos parar de pagar o sindicato até esse presidente renunciar. Farei campanhas para que todos deixem de pagar o sindicato.
ResponderExcluirO sindicato já vorou cabide de emabia prego há muito tempo. Um dia fui fazer uma denuncia e quando cheguei na escola toda a direção sabia da minha visita através dos "amiguinhos" que lá trabalhavam. Sempre desconfiei da Sr. Maria do Céu, pois conhecia muitas pessoas da escola.
ResponderExcluiré cansei de avisar, mas não me ouviram..
ResponderExcluirfiquei até mal vista
a idade traz muita experiencia
Está faltando autocrítica. Quem deu o poder a estas feras? Que tipo de aliança juntou numa diretoria tanto oportunismo e incompetência?
ResponderExcluirÉ lamentável que um sindicato com um passado de liderança nas lutas que organizaram e fizeram avançar as conquistas dos professores, esteja atualmente tão sem rumo. É o preço de se deixar iludir com falsas lideranças que buscavam apenas alimentar projetos pessoais.
É lamentável, por isso que preferir pagar advogado quando precisei, do que usar esse sindicato.
ResponderExcluirConheço colegas que estiveram no sindicato para fazer uma denúncia de um colégio e depois quando chegaram para trabalhar a direção já sabia da denúncia ,porque um amiguinho deles do sindicato comunicou a instituição.
Por estes motivos que me desliguei deste sindicato.
Esse Sindicato articulou a criação de uma Associação de Docentes da UniverCidade (agora Gamma-Filho). Foram todos demitidos: a lista foi entregue à instituição antes que medidas legais de proteção dos professores fossem tomadas. Considerando a experiência profissional dos Diretores, quem vai acreditar que esse “incidente” foi obra do acaso ou da ingenuidade?
ResponderExcluirPROF JOSE REIS
ResponderExcluirFatos como os relatados acima só podem fragilizar ainda cada vez mais, uma categoria já penalizada pela conjuntura atual onde Bulling e o Bournout inciendem sobre nós profissionais de ensino, ao tempo em que a corrupção impera em todos os niveis gerencias de nossos país, lamentavelmente...
Carolina Avellar
ResponderExcluirPosso dizer que essa gestão é a pior possivel, como ja foi funcionária do Sinpro-Rio . To com a chapa 2 por causa do Francilio