No Boletim do Professor, nº 40, do mês de junho, o atual presidente do Sinpro-Rio, mais uma vez, se utiliza da máquina sindical para fazer campanha da sua chapa às eleições, que autoritariamente julga que só ele, “o dono do Sindicato”, tem o direito a concorrer como candidato único.
Lembramos ao professor que a Justiça está prestes a se pronunciar sobre o direito de resposta suscitado por nós, 12 diretores do Sinpro-Rio, membros do Articulando Educadores, que não aceitamos as violências de demissões de trabalhadores do nosso Sindicato, bem como a manipulação eleitoreira da nossa campanha salarial, ao final derrotada e sem categoria. A professora Regina Rocha, ex-docente da Universidade Gama Filho, responde a matéria “Urgente: oposição usa cadastro paralelo” no texto abaixo, indignada com a desfaçatez e falta de ética do atual presidente.
Companheiros,
Acabei de receber o "Boletim do Professor", ou melhor, o "Boletim do Wanderley". A chamada de capa aponta para as eleições, mas o artigo da última página – “Urgente: oposição usa cadastro paralelo” -, assinado pelo atual presidente, caracteriza uma peça de propaganda eleitoral (de qualidade duvidosa) da chapa que se pretende única no pleito. O texto é pleno de inverdades, incoerências, subestima a inteligência e a capacidade crítica dos leitores / eleitores e não resiste a uma análise mais detalhada. Senão vejamos:
- Em tom pretensamente indignado (Será medo, desespero?), o autor declara que foi "obrigado a utilizar esse espaço para relatar um fato que muito pouco tem a ver com nossos interesses de classe ou concepção sindical." (sic). Ora, o que ele chama de fato é o envio – legítimo – aos professores de mensagens pelo grupo Articulando Educadores que, segundo ele, "até o momento, é ignorado por nós" (sic). Como ignorado? O grupo tem até blog! E em que a apresentação de um grupo “de oposição” fere os interesses de classe ou a concepção sindical de quem quer que seja? Com esse pretexto, ele usa o espaço do boletim para a campanha de sua chapa e, em seguida, critica o uso, pelo Articulando Educadores, de “cores e logomarca semelhantes às de nossa entidade” (sic). O que há de errado com a identificação do novo grupo? Errado é usar a máquina sindical em favor de uma única chapa que, uma vez mais, em ato falho, deixa cair a máscara e revela que tipo de interesses está realmente defendendo.
- Em seguida, diz que responde “aos inúmeros questionamentos (...) de companheiros (...) surpreendidos em sua própria residência com uma correspondência contendo um material de oposição à Diretoria...” (sic). Que companheiros? Informação vaga, hein! E quem se “surpreende” com o recebimento de uma correspondência? Ora, a verdadeira questão vem adiante: o que incomoda é o conteúdo de “oposição à Diretoria”. Cadê o seu senso democrático, professor Wanderley? Em tempos de eleições governamentais, o senhor nunca foi “surpreendido” em sua residência com material de propaganda dos mais diversos partidos? Claro, o que incomoda é que o material é “de oposição”; sendo assim, certamente não pode “expressar opinião oficial do Sindicato” (sic). Lembre-se, professor, o senhor não é o sindicato. Pretensão sua achar que é.
- O terceiro parágrafo é uma pérola – confuso e incoerente. Nem é preciso ser advogado para perceber que “as providências jurídicas em defesa de um patrimônio do Sindicato e da categoria, que é o seu CADASTRO” (sic), não são cabíveis. O texto afirma que o sindicato tem a “obrigação estatutária e ética de resguardar e preservar” o cadastro. A seguir atesta: “E já o fizemos.” Então, vão pedir a apuração de quê?
- O quarto parágrafo tenta, de forma subliminar, justificar o injustificável: a demissão imotivada no setor de Tecnologia da Informação denunciada pelo Articulando Educadores. E mais uma incoerência: se “o atual cadastro (...) não foi violado”, qual é a irregularidade? Ah, sim, a questão que o presidente apresenta é “apenas saber em que momento o cadastro anterior (...) foi copiado, e por quem” (sic). Deixe ver se entendi: o cadastro atual é composto por professores diferentes do cadastro anterior?
- O último parágrafo, afinal, diz a que veio: propaganda eleitoral explícita. O professor Wanderlely esqueceu de mencionar que dentre as medidas propostas no 10º Consinpro está o aumento do percentual cobrado aos professores pelo péssimo trabalho prestado pelo Jurídico – de 5 para 15% sobre o valor da causa.
- Em suma: o artigo tenta desviar o foco do debate eleitoral fazendo uma acusação leviana e injusta a um grupo que se constituiu legitimamente para defender suas ideias. Esse grupo é formado por pessoas íntegras que, em razão de suas atividades profissionais e sindicais, possuem o seu próprio cadastro – e não precisam surrupiar informações do cadastro do sindicato.
É isso, companheiros. Estamos entrando em uma campanha eleitoral para escolher os representantes de uma categoria de educadores e o que vemos, por parte daqueles que compõem a chapa “oficial”, é uma reafirmação da sua prática ao longo dessa gestão: autoritarismo, desinformação, injustiça. Fica aqui um desafio para o presidente / candidato Wanderley Quêdo: que as próximas publicações do Sinpro-Rio – o Jornal do Professor e o Boletim do Professor – apresentem aos professores as propostas das duas chapas. Que os espaços sejam iguais e não passem por qualquer tipo de censura. Democracia é isso. Aí, sim, o sindicato estará prestando um serviço à categoria – o que, afinal, é a sua obrigação.
Regina Rocha
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