Os desafios da educação científica e a democratização da informação
foram os tópicos mais abordados no primeiro dia de palestras
da sexta edição do Fórum Mundial de Ciência (25/11), reunido no Rio. Em maior ou
menor grau, países ricos e pobres são afetados pela dificuldade em
atrair jovens para a iniciação científica por meio da educação formal.
De acordo com o presidente do Conselho de Ciências do Japão, Takashi
Onishi, os investimentos em educação científica em seu país são
significativos, mas as escolas enfrentam concorrência desleal com a
internet, quando o assunto é a atenção e dedicação do estudante. No
Brasil, segundo o diretor da Academia Brasileira de Ciências, Luiz
Davidovich, os problemas são mais complexos, porque incluem os baixos
salários dos professores e a pouca valorização da educação pela
sociedade como um todo.
“É um tema extremamente importante que tem sido negligenciado há séculos
na história do Brasil. A valorização significa aumentar os salários e
promover a educação continuada dos professores”, disse ele. “Sendo
cientista, conheço o fascínio da ciência. Acho muito importante o
processo pelo qual a fascinação da ciência chega às crianças. Os
professores devem transmitir a magia da ciência”.
Um dos participantes do fórum, o professor de física Jorge Flores, da
Universidade Nacional Autónoma de México, defendeu investimentos na
educação informal, para que o conhecimento seja repassado de maneira
eficaz. “Pelo menos na América Latina, os sistemas educativos são
incapazes de produzir um ensino correto das ciências”, disse ele. O
professor acredita que “o uso de centros pequenos e interativos de
ciência podem ajudar os estudantes a fazer experimentos”.
Para a assessora científica da União Europeia, Anne Glover, educação e
democratização da informação científica são parceiras na diminuição das
desigualdades e na prosperidade das nações. “Não há futuro sem educação.
O mundo está mudando tanto que e a ciência, engenharia e tecnologia são
o nosso futuro. Para permitir que o futuro chegue a todos os cidadãos,
eles precisam entender a ciência, como ela funciona e o que ela tem a
oferecer para escolher o que querem e o que não querem”, comentou ela.
A cientista ressaltou que a ciência traz enormes possibilidades aos
seres humanos que vão além da conquista de um emprego ou avanços
tecnológicos. “A ciência é parte da nossa cultura assim como a música,
as artes plásticas, e pode proporcionar verdadeira alegria e muita
diversão”, disse Glover.
A diretora do Centro de Políticas de Agricultura para Crianças da China,
Linxiu Zhang, defendeu mais investimento em educação e acesso à
informação. Ela explicou que, embora ninguém passe fome em seu país, a
dieta em alguns lugares é pobre devido à falta de informação. “Na China,
a falta de uma dieta balanceada tem prejudicado a performance acadêmica
de alguns alunos. Por isso, é importante educar os pais para que eles
saibam qual tipo de comida é boa para o filho”, explicou Zhang.
Para o subsecretário de Ações Estratégicas da Secretaria de Assuntos
Estratégicos, Ricardo Paes de Barros, o acesso universal ao conhecimento
é sucesso inegável para a redução das desigualdades, bem como o livre
fluxo mundial de conhecimento. “É muito importante o trabalho conjunto
para problemas globais e o compartilhamento de tecnologias sociais. Está
clara a necessidade de documentar-se melhor as tecnologias e torná-las
mundialmente conhecidas”, declarou Barros.
O evento, que reúne cerca de 600 cientistas de todo o mundo, vai até
quarta-feira e tem como temas: Desigualdades como barreiras para a
sustentabilidade, Políticas para a ciência e governança, Integridade
científica e ética na ciência, bioenergia, Academia e empresas, entre
outros. Todas as sessões são transmitidas pelo site do fórum.
Fonte: Agência Brasil, em 25/11/2013.
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