Conheci Francilio em uma greve do Ensino Superior. Já eram quase 20 dias de paralisação dos professores. Todas as universidades e faculdades isoladas no município do Rio de Janeiro estavam sem aulas. A categoria se reunia semanalmente nos auditórios da UERJ. A diretoria do Sinpro-Rio estava dividida. Uma parte queria terminar com a greve. Foi quando Francilio discursou e arrancou novo gás da categoria. Resultado: ficamos 52 dias paralisados. Conquistamos as melhores condições possíveis para a categoria: anuênio, plano de carreira, gratuidade para filhos de professores nas mensalidades, entre outras.
Me filiei ao Sinpro-Rio devido à atuação brilhante daquele diretor que acabara de conhecer e passei a integrar a comissão de imprensa do Sindicato. Daí estreitamos nossa convivência. Francilio escrevia muito bem, tinha um idealismo romântico e não abria mão de suas ideias, as quais sabia expor com clareza e objetividade.
Durante os anos de 1990 assessorei diversos Sindicatos na área da Comunicação Social e também fui editar o jornal da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino, sempre indicado pelo então novo amigo.
Francilio não comprava qualquer ideia. Você tinha que saber expor os argumentos até convencê-lo. Como excelente professor de Física, gostava de entender o processo das ações e seus desdobramentos. Rapidamente dominou as ferramentas comunicacionais e passou a usá-las com grande aptidão na área sindical. Sempre me chamava para integrar a diretoria do Sinpro-Rio, mas por um tempo, tive de declinar, por já estar de compromissos até o pescoço, lecionando em três instituições de ensino e fazendo pós-graduação lato e stricto senso.
Finalmente, em 2002 aceitei o convite para ser diretor de comunicação. Foi quando nossa amizade se estreitou ainda mais. Viajamos muito juntos, e percebi o quanto o amigo era dedicado à causa dos professores. Vivia intensamente a luta da categoria.
No seu aniversário de 60 anos, lançamos o projeto do blog Articulando Educadores, que no início era só parte de uma campanha eleitoral para disputar a diretoria do Sinpro-Rio. Perdemos, mas ele defendeu a ideia de mantermos esse clipping digital de assuntos ligados à Educação. Em 2014, voltamos a disputar e vencer as eleições. Nosso ciclo se fechou em 2017, quando deixamos o Sindicato em boas mãos para cuidarmos dos nossos projetos pessoais.
Agora o amigo descansa na poeira cósmica do infinito, mas o seu legado ficou plantado em nossos corações e mentes.
Marcos Alexandre de Souza Gomes
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