O 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado na quarta-feira (8/6) pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, mostrou que a pandemia agravou a fome no Brasil, que tem atualmente 33,1 milhões de pessoas sem ter o que comer. De acordo com a pesquisa, são 14 milhões de brasileiros a mais em insegurança alimentar grave em 2022, na comparação com 2020.
Durante a pandemia, a atuação das universidades públicas na pesquisa clínica e colaboração no desenvolvimento de vacinas, no sequenciamento do genoma do vírus, na ação direta, em colaboração com o SUS, na linha de frente, com os hospitais universitários, ou na retaguarda, treinando profissionais, produzindo equipamentos e assessorando gestores públicos ganhou amplo destaque na mídia. Mas o que pouca gente sabe é que elas tiveram também importante atuação solidária para combater efeitos como a fome e a pobreza.
“As universidades federais atuaram em campanhas de arrecadação e distribuição de alimentos e itens de higiene para prevenção da Covid-19 voltadas para públicos em situação de vulnerabilidade (inclusive da comunidade universitária), em programas de combate à fome e de assessoria para a geração de trabalho e renda (como no apoio à comercialização de produtos agrícolas e artesanais)”, explicou Soraya Smaili, coordenadora do centro Sou_Ciência.
Na quase totalidade dos casos, de acordo com a pesquisadora, a doação de alimentos esteve acompanhada de ações de assistência, prevenção, cuidado e informação sobre a Covid. As iniciativas mais avançadas e inovadoras foram as que conectaram por meio de projetos de extensão e incubadoras toda a cadeia produtiva, gerando renda no combate à fome: das lojas de insumos agrícolas e pequenos produtores rurais, a empresas de transporte e distribuição, doadores e, claro, na ponta as comunidades beneficiadas. Todos esses parceiros recebiam, além de alimentos, informações preventivas e orientação de cuidado dos universitários.
Em Porto Alegre, a UFCSPA arrecadou alimentos, itens de higiene, limpeza e roupas para comunidades quilombolas e indígenas, e trabalhadores terceirizados da própria universidade. No Espírito Santo, a UFES contou com entidades assistenciais para fazer as doações chegarem às comunidades. Em Goiás, a iniciativa de doação de alimentos da UFG foi em parceria com a Câmara de Vereadores de Goiânia. A jovem Federal do Oeste da Bahia (UFOB) atuou em redes de solidariedade e arrecadação de alimentos nos cinco municípios em que possui campi. No Recôncavo Baiano, a UFRB lançou um edital emergencial de segurança alimentar e nutricional para apoio às comunidades.
Já a UFMG, por meio de dois grupos de pesquisa e extensão (Praxis e Periferia Viva) conseguiu mapear em tempo real e conectar os que precisavam de suporte e os que podiam ajudar, não apenas na área de segurança alimentar, mas também na geração de renda e saúde mental. Em Santa Maria-RS (UFSM), o apoio incluiu catadores de recicláveis, além da população de rua, indígenas e quilombolas. A Tecnológica do Paraná (UTFPR) realizou doações em todos os seus campi, com foco na população de rua, indígenas, lar de idosos e abrigos.
Em Viçosa-MG, a UFV articulou projetos de extensão, incubadoras e agricultores numa rede de solidariedade, e doou alimentos dos restaurantes universitários (fechados com o ensino remoto) para instituições filantrópicas e hospitais. A Federal do Oeste do Pará (UFOPA) fortaleceu a agricultura familiar e promoveu segurança alimentar e nutricional por meio da aquisição de cestas agroecológicas oriundas da produção familiar na região de Santarém, apoiando comunidades vulneráveis e quilombolas. No Rio Grande do Norte, a UFRN adquiriu alimentos de agricultores do assentamento Quilombo dos Palmares e contou com a Incubadora de empreendimentos solidários para a entrega das cestas.
Essas são somente algumas experiências registradas sobre ações das universidades no combate à fome durante a pandemia. Mais informações sobre outras ações estarão no painel que será lançado pelo SoU_Ciência sobre o tema, ainda neste mês de junho.
“As universidades contribuíram e contribuem muito com o combate à Covid-19 de diversas formas, mas as iniciativas no combate à fome, construídas comunidade a comunidade, em cada território, evidenciam a relevância pública e social da presença das instituições federais nas diversas regiões do país”, finalizou Soraya Smaili.
Mais informações: Assessoria de Imprensa SOU CIÊNCIA
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