sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Brasil é o segundo país com maior índice de casos de burnout

Este ano, a condição passou a ser considerada pela OMS uma doença ocupacional

Cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros apresentam sinais da síndrome de burnout, condição caracterizada por um intenso esgotamento mental e físico associado ao ambiente profissional. De acordo com uma pesquisa realizada pela International Stress Management Association (ISMA-BR), em nível mundial, o Brasil é o segundo país com maior índice de casos de burnout.

Vale ressaltar que, este ano, a síndrome passou a ser considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) uma doença ocupacional; ela foi incluída na nova Classificação Internacional de Doenças (CID-11), que define o problema como “resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”.

Myriam Albers, psicóloga da Clínica Maia, afirma que a rotina agitada, cada vez mais cheia de responsabilidades, compromissos, prazos curtos e com pouco tempo para lazer e descanso, tem resultado de forma significativa no surgimento da exaustão emocional. “É uma soma de fatores: por exemplo, falta de recursos, carga horária excessiva e pressão constante para atingir metas levam o psicológico do trabalhador ao nível máximo de estresse. E essa situação, muitas vezes, acaba provocando a síndrome de burnout ou mesmo a depressão”, alerta a especialista.

Os sintomas característicos do transtorno incluem cansaço fora do comum, que pode levar a ausências no trabalho, diminuição da produtividade, irritabilidade, isolamento, mudanças repentinas de humor, dificuldade de concentração, sentimentos constantes de negativismo, fracasso e insegurança, lapsos de memória, ansiedade e baixa autoestima.

“Além disso, é preciso atentar-se a outros sinais físicos, como pressão alta, dores musculares, insônia, dor de cabeça, dentre outros”, comenta a psicóloga.

O diagnóstico dessa condição é clínico e o tratamento é individualizado.

“Buscamos entender a realidade vivida pelo paciente; analisamos seu histórico psicológico e procuramos organizar e compreender o momento pelo qual ele está passando no trabalho para chegar ao diagnóstico adequado”, explica Myriam.

O tratamento para o distúrbio geralmente envolve o uso de medicamentos antidepressivos e psicoterapia. “Essas são as formas de lidar com o problema, mas é preciso ir mais a fundo, ou seja, é importante avaliar a possibilidade de mudar de emprego, ou investir na adoção de uma nova postura, algo que também pode contribuir para superar as crises”, aconselha a especialista.

A psicóloga afirma, ainda, que as empresas precisam estar muito atentas ao estado de saúde de seus colaboradores. “O estresse no trabalho provoca a diminuição da atenção e afeta consideravelmente a função desempenhada, além de aumentar as chances de que as pessoas venham a sofrer acidentes”, destaca.

Uma das atitudes que os empregadores podem adotar para contornar esse problema é a utilização de atividades preventivas e corretivas. “As empresas podem, por exemplo, promover exercícios que reforcem a valorização do funcionário. E há também ambientes profissionais que contam com um psicólogo à disposição dos colaboradores, o que é ótimo. Ações como essas auxiliam na diminuição do estresse e prevenção da síndrome de burnout”, conclui. 

Fonte: contribuição de João Carlos Cardozo do Monitor Mercantil em 16/12/2022.


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