quinta-feira, 13 de junho de 2024

Concurso Carta ao Papa da PUC de Goiás

Premiação do professor vencedor

Em maio a PUC de Goiás elaborou um concurso do envio de uma carta ao Papa Francisco e o vencedor foi o professor Carlos Vaz. Publicamos abaixo a carta premiada, um libelo pela democracia e convivência harmoniosa entre os humanos. 


Goiânia, maio de 2024.

Prezado Papa Francisco de nossa querida América Latina...

Sou o professor Carlos Vaz, da Escola Politécnica e Artes da Pontifícia Universidade Católica de Goiás há mais de três décadas. Escrevo-lhe daqui do Centro-Oeste do Brasil, que é longe do mar, mas perto de rios que cortam o bioma cerrado e desaguam no Oceano Atlântico. Escrevo-lhe, carinhosamente, uma carta, um papel pintado de palavras de afeição, vezes, letras duras, mas necessárias. Assim, espero chegar até sua presença como se estivéssemos em uma prosa latina com um bom mate rodando, afetivamente, pelas mãos e pelos corações.

Fui educado sob os princípios da igreja católica, minha família é cristã, cresci sob a fé de que não podemos ser indiferentes às injustiças e que agir, coletivamente, é fundamental para efetivar mudanças necessárias. Assim como fui educado, atuo nesta perspectiva no ensino superior, pois como registrou o mestre Paulo Freire "Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo."

A PUC de Goiás, antes denominada de Universidade Católica de Goiás [UCG], sempre ocupou um lugar relevante na educação, na pesquisa e na extensão. Em um passado não tão distante, tivemos momentos grandiosos no que se refere ao processo democrático, com diálogos respeitosos e disputas saudáveis que fazem parte da academia. As propostas na área de extensão priorizavam a área de direitos humanos, algo caro para este espaço educativo.

Tivemos eleições direta para reitoria, programas de apoio para estudantes pobres, projetos de construção coletiva de moradias populares, encontros com comunidades excluídas e formação com temas da educação popular, nos sistemas de proteção às crianças e adolescentes. Por mais de três décadas, investiu em contínuas ações socioeducativas no combate à violência doméstica, abuso sexual, dependência química e outras. Os cursos de graduação, e de pós-graduação, de nossa universidade, atuavam junto às comunidades na elaboração de diretrizes de plano diretor de cidades da nossa região. O estado de Goiás, conhecia, e reconhecia, o relevante trabalho de nossa PUC.

Nesta trajetória, muitas pessoas se comprometeram, de forma digna, com os projetos sociais e educativos desta universidade. Algumas, saíram no meio do caminho, outras, priorizaram projetos diferentes e, o que ficou foi uma gigante história que poderia ser retomada e continuada. Creio que em uma Instituição de Ensino Superior Católica, como guardiã da fé e promotora dos valores cristãos, o diálogo assume um significado ainda mais profundo. O diálogo não significa necessariamente concordância, mas sim a disposição de ouvir e entender as diferentes perspectivas, respeitando a dignidade e a liberdade de cada indivíduo. É por meio do diálogo que as divergências podem ser superadas, os preconceitos desafiados e os corações unidos na busca pelo bem comum.

Portanto, exorto toda a comunidade acadêmica e a sociedade em geral a abraçar o diálogo como uma ferramenta poderosa para a construção de um mundo mais justo, livre e democrático. Que possamos nos comprometer a cultivar uma cultura do encontro, onde o respeito mútuo e a compreensão sejam os alicerces sobre os quais construímos nossa convivência.

Enfim, concluo esta carta, enviando respeito, carinho e admiração pela sua prática resistente na defesa humana, e solidária, dos povos no mundo!

Professor Carlos Vaz
PUC de Goiás

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