quarta-feira, 5 de março de 2025

Justiça de São Paulo suspende privatização de escolas estaduais


Procuradoria-Geral diz esperar notificação para tomar medidas cabíveis

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) suspendeu o Decreto 68.597/2024, do governador Tarcísio de Freitas que autorizava licitação para privatizar a gestão de 33 escolas estaduais.

Segundo a Secretaria de Educação do estado, a Procuradoria-Geral do Estado ainda não foi notificada da decisão, tomada na terça-feira (25/2). “Assim que isso ocorrer, avaliará a adoção das medidas legais cabíveis”, informou a secretaria.

A suspensão foi decidida após pedido do PSOL de São Paulo. Na argumentação, o partido afirma que o decreto viola a Constituição e que a medida de privatização das escolas afetaria o ensino fundamental II e o ensino médio, nos chamados lotes regionais Leste e Oeste.

Gestão privatizada de escolas é inconstitucional

O governo estadual pretendia conceder à iniciativa privada, por um prazo de 25 anos, as atividades de manutenção predial, alimentação escolar, jardinagem, limpeza e segurança. A parte pedagógica seguiria sob gestão direta do estado.

“O decreto viola diversos dispositivos constitucionais, comprometendo o direito à educação pública, gratuita e de qualidade, além de precarizar direitos de servidores e priorizar interesses privados em detrimento do interesse público”, diz, no despacho, a relatora do processo, Marcia Dalla Déa Barone.

“Os alicerces fundamentais da educação brasileira são estabelecidos pela União Federal e, entre eles, não se encontra a possibilidade de terceirização da gestão do ensino público à iniciativa privada”, acrescenta a relatora na decisão.

Fonte: ICL Notícias com Agência Brasil em 27/02/2025.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

Deputado bolsonarista propõe lei para punir professores por uso de roupas em MG


PL foi apresentado após a professora trans Emy Mateus Santos, de 25 anos, se fantasiar de Barbie na abertura do ano letivo no Mato Grosso do Sul

O deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL) apresentou na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) um projeto de lei que pretende proibir professores de escolas públicas e particulares de usarem roupas consideradas incompatíveis com a “liturgia do cargo” em sala de aula.

A intenção é evitar que os profissionais lecionem com vestimentas “que enfatizem sua orientação sexual”, de acordo com o deputado.

O PL 3.324/2025 foi apresentado após a professora trans Emy Mateus Santos, de 25 anos, se fantasiar de Barbie na abertura do ano letivo de uma escola em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A docente leciona Artes Cênicas, Teatro e Dança.

Segundo bolsonarista Cristiano Caporezzo, o caso “demonstra como alguns professores utilizam a posição de destaque enquanto docentes para tentar transmitir para as crianças uma postura de autoafirmação das suas preferências sexuais”.

Professores na mira dos bolsonaristas

O deputado bolsonarista destacou que “a vestimenta do professor deve ser neutra e estar de acordo com a liturgia do cargo, não devendo ser utilizada para transmitir referências privadas do professor”.

Ele afirmou à rádio Itatiaia que, embora respeite a liberdade individual de cada um, considera que “o ambiente escolar é um ambiente para ensinar as disciplinas inerentes ao período de aprendizagem, do conteúdo programático, português, matemática, ciências e, enfim, as demais matérias”.

Caporezzo disse que o objetivo do projeto de lei é “dar um basta à militância LGBT em sala de aula”.

Fonte: ICL Notícias em 16/02/2025.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

UFF anuncia abertura de concurso público para o preenchimento de 57 vagas no Magistério Superior


Inscrições até 17 de março de 2025

A Universidade Federal Fluminense torna pública a abertura do concurso público de provas e títulos para provimento efetivo de vagas no cargo de professor da carreira do magistério superior. São 57 vagas de professor assistente (classe A – nível 1), sendo 43 para ampla concorrência, 11 para negros e três para pessoas com deficiência.

As vagas estão distribuídas por diversas áreas de conhecimento. As remunerações iniciais variam de R$3.090,43 a R$13.288,85 (já incluindo titulação), para cargas de 20 horas, 40 horas ou 40 horas com dedicação exclusiva (DE).

Durante o prazo de validade do concurso UFF, de dois anos, podendo dobrar, outras vagas poderão surgir. Assim, aprovados do cadastro de reserva poderão ser convocados.

O reitor da UFF, professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, destaca o compromisso contínuo da universidade com a excelência em suas diversas áreas de atuação.

“ A UFF tem avançado de forma consistente em ensino, pesquisa e extensão e esse concurso representa o fortalecimento do nosso corpo docente, que certamente participa desse processo de levar a nossa universidade a patamares ainda mais elevados”, afirma Antonio Claudio.

As inscrições para o concurso serão aceitas pelo site da Coordenação de Pessoal Docente da UFF, no período que vai de 18 de fevereiro a 17 de março. As taxas são de R$150 para professor de 20h, R$225 para 40h e R$300 para 40h/DE.

A taxa será recolhida em favor da UFF, por meio de Guia de Recolhimento da União (GRU) gerado durante o procedimento de inscrição, devendo o candidato realizar o pagamento em qualquer agência do Banco do Brasil ou por meio de serviços disponíveis na internet.

As provas ocorrerão no período de 30 de junho a 18 de julho, de acordo com a área de conhecimento. A convocação, informando os horários e locais, será divulgada cinco dias antes das avaliações.

O edital, assim como todas as informações referentes ao concurso, estão disponíveis no seguinte link:https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/edital-n-36/2025-612908145.

Fonte: Superintendência de Comunicação Social da UFF em 18/02/2025.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Pesquisa revela que 83% dos alunos optam por aulas presenciais no país


Estudo recente da Associação Brasileira de Franchising (ABF) revela que é crescente a preferência dos alunos das franquias de educação por aulas presenciais. Nas redes de idiomas como a KNN, apesar de oferecer ferramentas EAD, a presença nas aulas é fundamental para os resultados, já que a interação direta garante mais fluência aos alunos desde as primeiras aulas.

O ensino presencial tem se consolidado no país como a modalidade preferida dos alunos, impulsionado pela interação direta com professores e colegas, fator essencial para a evolução da fluência e da comunicação. A retomada desse formato, após a pandemia, acompanha uma tendência crescente no setor educacional e reflete no domínio de novos idiomas. Um estudo da Associação Brasileira de Franchising (ABF) revelou que 83% dos alunos das franquias de educação no Brasil preferem aulas presenciais, um aumento em relação a 2023, quando o índice era de 81%. O levantamento aponta que, mesmo com a oferta de ferramentas digitais e modelos híbridos, a interação direta entre alunos e professores continua sendo um fator determinante para a aprendizagem. 

A escola de idiomas KNN, por exemplo, apesar de oferecer ferramentas de cursos de inglês, espanhol, francês, alemão e italiano também na modalidade digital,  prioriza a conversação presencial desde as primeiras aulas, proporcionando aos alunos uma prática mais fluida e natural no novo idioma. De acordo com o presidente da rede, Reginaldo Boeira, apesar dos avanços tecnológicos, o ensino presencial proporciona uma experiência mais completa, inclusive para alunos que necessitam de maior acompanhamento pedagógico. 

“A tecnologia trouxe avanços importantes para a educação, mas a interação em sala de aula continua essencial no aprendizado de um novo idioma. Nas aulas presenciais da KNN, o aluno tem contato direto com o professor e com os colegas, o que acelera a fluência e garante um acompanhamento mais próximo. Esse ambiente imersivo faz toda a diferença, principalmente para quem precisa de mais suporte para desenvolver a conversação. O objetivo é garantir que o aluno desenvolva a confiança necessária para se comunicar em qualquer situação, seja em uma viagem, em reuniões de trabalho ou no dia a dia”, afirma Boeira.

Com mais de 400 unidades em operação, a KNN Idiomas, uma das maiores redes de ensino de idiomas do país, oferece um método exclusivo voltado para falantes nativos de português. O ensino presencial é um dos pilares da rede, que proporciona uma prática contínua da conversação, essencial para a assimilação fluida e eficiente do novo idioma.

"Acreditamos que aprender inglês vai além da teoria, é sobre se comunicar com fluidez e segurança em qualquer contexto. Além disso, a modalidade presencial estabelece uma rotina mais estruturada, com horários definidos e participação regular, fatores que podem contribuir para um maior comprometimento no processo de aprendizagem”, comenta Boeira.

Sobre a KNN Idiomas

Fundada em 2012, a KNN Idiomas já atendeu mais de 500 mil alunos no Brasil e está presente em todos os estados brasileiros. É uma das 50 maiores franquias do Brasil, segundo ranking da Associação Brasileira de Franchising (ABF) e é referência no ensino de inglês no país, além de ofertar outros quatro idiomas: espanhol, francês, alemão e italiano. É conhecida por seu método próprio de ensino, desenvolvido especialmente para quem fala português.

Mais informações: www.knnidiomas.com.br

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

UFF abre inscrições para pós-graduação à distância


Curso gratuito é voltado para professores e gestores da educação; inscrições vão até 20 de fevereiro

A Universidade Federal Fluminense (UFF) está com inscrições abertas para o processo seletivo do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Planejamento, Implementação e Gestão da Educação a Distância (PIGEAD). O curso, que oferece 180 vagas, é gratuito e será realizado na modalidade EAD. As inscrições podem ser feitas até o dia 20 de fevereiro de 2025.

Com duração de 18 meses, a pós-graduação tem previsão de início em maio deste ano e é destinada a professores da educação básica e gestores da educação.

Distribuição de vagas e processo seletivo

As 180 vagas estão distribuídas entre os polos de apoio presencial da Universidade Aberta do Brasil (UAB) nos seguintes municípios do Rio de Janeiro:

Angra dos Reis

Nova Friburgo

Rio das Ostras

São Gonçalo

O processo seletivo será composto por duas etapas:

Requerimento de inscrição

Envio da documentação exigida no edital

O resultado final está previsto para ser divulgado no dia 25 de março. O edital completo e mais informações estão disponíveis no site: www.lante.uff.br.

Graduação semipresencial via Cederj

Além da pós-graduação a distância, a UFF também oferece cursos de graduação semipresenciais por meio do Vestibular Cederj. As opções disponíveis são:

Biblioteconomia

Administração Pública

Ciências Contábeis

Computação

Engenharia de Produção

Letras

Matemática

Tecnologia em Segurança Pública

O Consórcio Cederj, administrado pela Fundação Cecierj, é vinculado à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação e reúne instituições públicas de ensino superior do Estado do Rio de Janeiro. Os estudantes recebem material didático gratuito (impresso e digital) e contam com infraestrutura de apoio pedagógico, ambiente virtual de aprendizagem e tutoria presencial e on-line.

O Cederj possui 43 polos presenciais, localizados em municípios como Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis, Macaé, Volta Redonda, São Gonçalo e Duque de Caxias, entre outros.

As provas do Vestibular Cederj ocorrem duas vezes ao ano. Para mais informações, acesse: www.cecierj.edu.br/consorcio-cederj.

Para se inscrever é só acessar o link:

https://diariodorio.com/uff-abre-inscricoes-para-pos-graduacao-a-distancia/#google_vignette

Fonte: Diário do Rio em 06/02/25


quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Cultura do descarte correto é essencial para avançarmos na reciclagem dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, por Robson Esteves*


A conscientização sobre a importância do descarte correto de eletroeletrônicos e eletrodomésticos é o ponto de partida para a criação de uma cultura sustentável. Muitas pessoas ainda não têm conhecimento sobre os riscos envolvidos no descarte inadequado desses itens ou não sabem onde realizar o descarte correto. Por isso, campanhas de educação ambiental são fundamentais para informar a sociedade sobre o impacto desses resíduos no meio ambiente e fornecer opções acessíveis para que os cidadãos possam participar de maneira responsável.  

É importante compreender que quando esses aparelhos são descartados de forma incorreta, eles liberam substâncias químicas e metais pesados, como chumbo, mercúrio e cádmio, que podem contaminar o solo e as fontes de água. Essa contaminação afeta a saúde dos ecossistemas e da população, já que essas substâncias tóxicas podem até entrar na cadeia alimentar. Portanto, conscientizar a sociedade sobre esses perigos é essencial para reduzir os impactos ambientais e garantir a preservação da natureza. 

Ao adotar a prática do descarte correto, também abrimos a porta para a recuperação de materiais valiosos. Muitos dos componentes dos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, como metais, plásticos e vidro, podem ser reciclados e reutilizados, evitando a necessidade de extrair novos recursos naturais. Isso faz parte do conceito de economia circular, em que os materiais são reaproveitados ao invés de descartados, contribuindo para a preservação dos biossistemas e a redução do consumo de energia na produção de novos itens. 

Destaco que as empresas também desempenham um papel importante nesse processo. Além da responsabilidade individual, existe a responsabilidade social corporativa. Muitas empresas já começaram a implementar ou participar de sistemas coletivos de logística reversa, onde se incumbem do recolhimento e destinação correta dos produtos que comercializam. Essas iniciativas ajudam a reduzir a quantidade desse tipo de resíduo e mostram ao consumidor que a organização está comprometida com práticas sustentáveis. 

Além disso, a legislação desempenha um papel decisivo para assegurar que o descarte adequado seja realizado. No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) é um exemplo de como o setor de eletroeletrônicos tem a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, garantindo que o descarte seja feito de maneira correta e segura. 

A criação de uma cultura de descarte correto de eletroeletrônicos e eletrodomésticos é um compromisso de todos – indivíduos, empresas e governos. Ao adotar práticas conscientes e promover a conscientização, estamos contribuindo para a proteção do meio ambiente e garantindo um futuro mais sustentável. Além de reduzir os riscos ambientais e à saúde, estamos economizando recursos e criando uma sociedade mais responsável e comprometida com a preservação do planeta. 

*Robson Esteves – Presidente da ABREE — Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos.  

Sobre a ABREE:   

Fundada em 2011, a ABREE – Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos – é uma entidade gestora sem fins lucrativos, que define e organiza o gerenciamento da implementação do sistema coletivo de logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos, promovendo economia de grande escala. Com 54 associadas que representam 181 marcas, a ABREE é responsável pelo gerenciamento através da contratação, fiscalização e auditoria dos serviços prestados por terceiros, além de contribuir com informações para todos os envolvidos da cadeia, responsáveis pela viabilização da logística reversa de eletroeletrônicos e eletrodomésticos no país. Para mais informações, acesse http://abree.org.br/  

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Governo anuncia pacote de incentivo aos professores


Medidas buscam aumentar a atratividade da carreira e beneficiar profissionais já formados

O Ministério da Educação anunciou um novo pacote de medidas para os professores. O pacote, que estava em formulação desde o ano passado, busca aumentar a atratividade da carreira para estimular jovens a cursarem as licenciaturas e também para beneficiar profissionais já formados.

O governo chegou a cogitar anunciar as medidas em 15 de outubro, data comemorativa do Dia dos Professores, mas não havia fechado todas as decisões.

Anteriormente, o governo já havia anunciado duas mudanças na formação de professores. A primeira foi a limitação da educação à distância em cursos de licenciatura e pedagogia para até 50% da carga horária. A outra mudança foi no Enade, que mede o conhecimento dos alunos que estão concluindo o Ensino Superior. A prova, agora, avalia os concluintes das licenciaturas e da Pedagogia anualmente e não mais a cada três anos.

Novo pacote para os professores

Uma das principais medidas do pacote é a criação de um programa para levar profissionais da educação para áreas em que falta essa mão de obra. Segundo o ministro da Educação, Camilo Santana, a ideia é semelhante à do “Mais Médicos”. O pacote de medidas, inclusive, se chamará “Mais Professores” por conta desse programa.

Também será criada uma seleção nacional unificada para que as redes municipais e estaduais contratem profissionais em início de carreira. Atualmente, cada estado ou prefeitura faz seu concurso.

Um programa similar ao “Pé-de-Meia” (programa de pagamento de bolsas e uma poupança para estudantes do Ensino Médio) será criado para estudantes universitários que escolham qualquer licenciatura ou Pedagogia e que tirarem acima de 650 na média do Enem. Os aprovados em 2025 já teriam esse direito. O valor seria de R$ 500 por mês. Também será anunciada uma plataforma para reunir cursos de formação continuada.

O MEC pretende, ainda, firmar parcerias com a iniciativa privada para garantir benefícios aos profissionais. O Banco do Brasil e a Caixa Econômica, por exemplo, vão dar um cartão específico para professores, com vantagens.

Fonte: ICL Notícias em 13/01/2025

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

Mais de 100 escolas na cidade do Rio estão em áreas de risco climático


Estudo realizado pelo MapBiomas, em parceria com o Instituto Alana, analisou 20.635 escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental em todas as capitais

Um estudo realizado pelo MapBiomas concluiu que a capital do Rio de Janeiro tem 117 escolas localizadas em áreas de risco climático, sujeitas a enchentes, deslizamentos, alagamentos e outros danos. São 84 unidades da rede municipal de ensino e 33 da rede privada. Este resultado impacta 19.226 alunos, colocando a cidade como a quinta maior entre as capitais brasileiras, ficando atrás apenas de Salvador, São Paulo, Belo Horizonte e Recife, nessa ordem.

Outro número preocupante é que 34% das escolas do Rio, contabilizando públicas e privadas, não possuem área verde em seus lotes. Os números fazem parte de uma pesquisa inédita do Instituto Alana a partir de dados levantados pelo MapBiomas e analisados conjuntamente com a Fiquem Sabendo. Foram pesquisadas 20.635 escolas públicas e particulares, de educação infantil e fundamental, para entender o acesso que as crianças e adolescentes têm a áreas verdes e a resiliência das escolas.

O levantamento indica que cerca de 90% das escolas em áreas de risco estão dentro ou em até um raio de 500 metros de favelas e comunidades urbanas, e que 51% dessas escolas tem maioria de alunos que se declaram negros, percentual que cai para apenas 4,7% nas escolas com maioria de alunos que se declaram brancos, evidenciando a conexão entre desigualdades e fatores climáticos, bem como o racismo ambiental.

A pesquisa mapeou, ainda, que faltam áreas verdes, tanto dentro quanto no entorno das escolas, situação que é particularmente preocupante na educação infantil, com 43,5% das escolas sem áreas verdes. Nas capitais, 20% das escolas também não têm praças e parques no entorno de 500 metros, o que impacta diretamente mais de 1,5 milhão de alunos de 4.144 escolas.

Ao contrário do senso comum, que considera escolas particulares em geral melhores do que públicas, nesse quesito a situação se inverte. Apenas 9% das escolas particulares têm mais de 30% de área verde no lote, enquanto nas públicas o percentual é de 31%, o que revela uma grande oportunidade para os equipamentos públicos na ampliação do contato das crianças com a natureza.

Especialistas envolvidos no levantamento concluíram que a falta de verde nas escolas é agravada por desigualdades raciais e econômicas, sendo maior para estudantes que vivem em favelas e comunidades urbanas, bem como para alunos negros. São eles também os que estudam em escolas localizadas em áreas mais quentes: cerca de 36% das escolas com maioria de alunos negros estão em territórios com temperaturas 3,57ºC acima da média de temperatura da capital, enquanto 16,5% das escolas com maioria de alunos brancos encontram-se na mesma situação.

Ao mesmo tempo, o clima mudou e é preciso identificar as escolas mais vulneráveis às ondas de calor, alagamentos, enchentes e deslizamentos, agindo para prevenir e aumentar sua resiliência, já que as crianças e adolescentes estão justamente entre os mais afetados por eventos climáticos extremos. "A natureza deve ser fonte de saúde e aprendizado, e não uma ameaça. Por isso, o papel das escolas é central para promover acesso a áreas verdes e adaptação às emergências climáticas. É preciso desconcretar a infância e adotar soluções baseadas na natureza — como jardins de chuva, captação e tratamento de água, restauração da vegetação nativa e compostagem — para prevenir enchentes, equilibrar o calor, aumentar a biodiversidade e, ao mesmo tempo, trazer benefícios para a saúde física e mental das crianças", diz JP Amaral, gerente de Natureza do Instituto Alana.

Segundo Maria Isabel Amando de Barros, especialista do Instituto Alana que esteve à frente do trabalho, toda a comunidade escolar deve ser incluída nessa transformação das escolas em locais mais verdes e resilientes. "Escolas são equipamentos numerosos, bem distribuídos pelo território, que funcionam como polos de irradiação de conhecimento e cultura em suas comunidades. Ter a natureza como centralidade e dar às crianças oportunidades para brincar e aprender com ela, contribui com a educação ambiental e climática, fomentando o protagonismo necessário para que crianças e adolescentes possam participar efetivamente da transição verde de nossas sociedades", afirma.

Fonte: Jornal O Dia em 30/12/2024.

sábado, 18 de janeiro de 2025

Intervalos bíblicos em escolas entram na mira de parlamentares evangélicos


Deputados e vereadores aproveitam debates para mobilizar projetos de lei que defendem cultos nas escolas

Os intervalos bíblicos em escolas se tornaram alvo de uma investida legislativa de parlamentares evangélicos e cristãos conservadores em Pernambuco, desde que a realização desses momentos de culto começou a ser questionada pela Secretaria de Educação (SEE-PE), pelo Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Pernambuco (Sintepe) e pelo Ministério Público do Estado (MPPE).

As entidades vêm recebendo denúncias de que as programações, cuja participação geralmente é voluntária, teriam se tornado obrigatórias em algumas unidades de ensino e de que alunos de outras religiões não teriam o mesmo espaço de culto oferecido aos evangélicos ou cristãos.

Há ao menos dois projetos de lei em tramitação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) que fazem defesa dos intervalos bíblicos e outros dois que chegaram à Câmara dos Deputados, em novembro deste ano, pelas mãos da vereadora de Recife Missionária Michele Collins (PP). Ela foi suplente da deputada federal Clarissa Tércio (PP) durante a campanha à prefeitura de Jaboatão dos Guararapes.

No último dia 11, o deputado estadual bolsonarista Joel da Harpa (PL) convocou uma audiência pública na Alepe para debater os intervalos bíblicos nas escolas públicas do estado. O assunto passou também a ser mobilizado intensamente por parlamentares evangélicos conservadores nas redes sociais. “Por que a perseguição contra os intervalos bíblicos, já que esses encontros conseguem o que nem a direção das escolas nem a polícia é capaz de fazer: tirar os jovens das drogas e da prostituição?”, disse o deputado.

A maior articulação dos parlamentares em torno do tema começou quando, em abril passado, o MPPE abriu um procedimento administrativo para investigar o ensino religioso/laicidade nas unidades escolares da rede pública. Segundo o órgão, as investigações ainda estão em andamento.

De acordo com a presidente do Sintepe, Ivete de Oliveira, há “denúncias sobre a realização de cultos evangélicos nas dependências de escolas estaduais, em espaços públicos e sem a participação de outras crenças”. Uma nota do MPPE diz que a prática também estaria ocorrendo “sem a orientação ou supervisão de funcionários das escolas”.

À Agência Pública, o sindicato informou que, “após pedido do MPPE, tem agrupado as denúncias que eram observadas apenas como casos isolados espalhados por Pernambuco”.

No mês seguinte, o deputado estadual cristão Abimael Santos (PL) apresentou um projeto de lei que prevê “sanções administrativas a quem inibir a liberdade religiosa, como a prática de intervalos bíblicos, com advertências e multas que poderão chegar até R$ 50 mil”. A proposta ainda está em tramitação.

Em setembro, o MPPE realizou um encontro com a Secretaria de Educação e o Sintepe, no qual foi decidido que o sindicato também iria agrupar denúncias sobre os encontros religiosos na rede pública e privada.

Um mês depois, o deputado estadual evangélico Renato Antunes (PL) apresentou um projeto de lei que reconhece a importância dos intervalos bíblicos e, entre outras medidas, determina que “as instituições de ensino, faculdades e universidades públicas e particulares deverão disponibilizar espaços adequados e condizentes para a realização do Intervalo Bíblico”. A proposta está em tramitação.

A Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos) também entrou no debate. A entidade  fundada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e conhecida por fazer lobby por agendas conservadoras no Congresso Nacional, solicitou ao MPPE, em outubro, o envio do procedimento administrativo e das denúncias. Procurada, a Anajure informou apenas que “está acompanhando o caso e a realização de audiências públicas” e que “tem oferecido orientação jurídica a respeito do tema”.

Os debates continuaram esquentando ao longo do ano até que uma audiência pública sobre o tema, que tinha sido convocada para o dia 27 de novembro, no Colégio Católico Salesiano de Recife, foi cancelada a pedido da direção da escola, por superlotação do espaço.

O encontro foi interrompido pelo promotor de justiça do MPPE Salomão Ismail Filho, após xingamentos da plateia contra a presidenta do Sintepe, Ivete de Oliveira, que no momento apontava algumas denúncias de imposição de intervalos bíblicos, presença de bandas e pastores externos nos encontros e discriminação contra grupos de outras religiões.

Semanas antes da audiência, a vereadora Missionária Michele Collins , que estava na suplência de Clarissa Tércio, apresentou dois projetos de lei na Câmara dos Deputados.

Em um deles, Collins assegura a realização “de ritos religiosos voluntários nas unidades de ensino públicas e privadas em todo território nacional”. Para as escolas que “impedirem a realização dos ritos, as multas poderão chegar até R$ 6 mil em caso de reincidência”. Em outro PL, o valor da multa poderá chegar a 30 salários-mínimos, “a quem interromper a realização do intervalo religioso”.

Atualmente os dois PLs de autoria de Collins estão em tramitação na Comissão de Educação, que em Brasília é presidida pelo deputado federal bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG). Em Brasília, o deputado federal Pastor Eurico (PL-PE) também tem levado a discussão sobre intervalos bíblicos para  âmbito nacional. Ele fez um pronunciamento na Câmara Federal alegando que “entre os docentes não há o mesmo rigor e espanto em ensinar danças obscenas às crianças e poder colocar música imoral em apresentações”.

Desde novembro, a deputada federal Clarissa Tércio e seu esposo, o deputado estadual Júnior Tércio (PP-PE), têm acompanhado lideranças dos intervalos bíblicos nas escolas públicas da Região Metropolitana do Recife, como a Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Othon Paraíso, no bairro do Bongi. No dia quatro de dezembro, a deputada Michele Collins esteve na escola participando dos intervalos bíblicos para incentivar a prática.

Os políticos também estão convidando adolescentes evangélicos dessas escolas para participar de programas em rádios evangélicas, como a RBC, da Assembleia de Deus, e a Novas de Paz, que pertence aos Tércio. Em agosto, um representante da União Juventude Liberdade (UJL), um braço de direita do movimento estudantil, participou do programa Dia a Dia com Fé, da rádio RBC, para discutir ensino religioso nas escolas.

Mobilização nas redes

A audiência realizada no último dia 11 foi requerida pela Comissão de Segurança Pública e Defesa Social da Alepe, da qual o deputado estadual Joel da Harpa é membro. Ex-policial militar, o parlamentar convidou representantes da Polícia Militar de Pernambuco e do Corpo de Bombeiros do estado, além da Patrulha Escolar e o Colégio da Polícia Militar, para o encontro, que contou com o apoio de outros políticos bolsonaristas evangélicos e cristãos conservadores, como os vereadores Thiago Medina (PL), Paulo Muniz (PL) e Fred Ferreira (PL). Representantes da Igreja Batista também estavam presentes.

O pastor da Igreja Batista em Casa Fort,e Edvar Gimenez, que faz parte da diretoria da Convenção Batista de Pernambuco, foi convidado pelo gabinete de Joel da Harpa para participar da audiência, mas recusou. Apesar de ter sido diretor do Colégio Americano Batista, em Recife, onde presenciou a realização de intervalos bíblicos, Gimenez disse que é a favor dos intervalos bíblicos apenas de forma voluntária e com supervisão da escola. “Considerando o tempo que estamos vivendo e a função que a religião hoje desempenha, os encontros religiosos visam amar a Deus ou a uma ideologia político-partidária, como tem sido utilizada como estratégia pela extrema direita na educação?”

Joel da Harpa tem publicado vídeos no Instagram em defesa dos intervalos bíblicos com conteúdos LGBTfóbicos. “Os grupos LGTQIA seguem perseguindo a inocência das crianças. Por que podem ter acesso às coisas obscenas, mas não podem ter acesso à principal religião do país?”, diz um deles. Uma checagem do Coletivo Bereia, de jornalismo, desmentiu postagens desinformativas do ex-deputado federal e ex-prefeito de Jaboatão dos Guararapes (PE) Anderson Ferreira sobre uma suposta proibição dos intervalos e cerceamento da liberdade religiosa.

Os parlamentares têm repercutido postagens da conta Juntos pelo IB, no Instagram, criada pelos estudantes com o objetivo de recolher relatos de estudantes participantes de intervalos bíblicos. A conta já tem 1,1 mil seguidores e um abaixo-assinado, que já ultrapassa 17 mil assinaturas, “em defesa da liberdade religiosa na rede pública”. Eles têm dois grupos no WhatsApp com mais de mil membros.

Quem também tem mobilizado o tema nas redes sociais é o pastor Teo Hayashi, da igreja Zion Recife, que é próximo a Bolsonaro. Na sua conta pessoal do  Instagram, ele acusa o Sintepe de perseguição cristã. “Pouco a pouco eles vão tachar a Bíblia como um livro de ódio, é isso que a esquerda deseja. Por isso, digo a você jovem evangélico: não desista, tome os espaços!”, diz o pastor, adepto à teologia do domínio, que entende que a igreja deve preparar líderes para dominar as sete esferas da sociedade, sendo a educação uma delas. “Se fossem um grupo de candomblé ou umbanda estariam tão preocupados em acabar? Chegou a hora de nos posicionarmos”, ressalta no mesmo vídeo.

A Pública procurou os parlamentares citados, mas não obteve respostas até a publicação.

Magali Cunha, fundadora do Coletivo Bereia e pesquisadora do Instituto de Estudos da Religião (Iser), diz que a educação “se tornou um dos alvos da ofensiva conservadora não apenas em Pernambuco, como também na Câmara dos Deputados”. Em 2023, um levantamento da Pública com dados do Iser mostrou que a educação foi  o principal foco dos projetos de lei apresentados por políticos considerados católicos ou evangélicos.

“Os intervalos bíblicos nada mais são do que um outro gancho político capturado pelos grupos ultraconservadores no país. Isso vem como uma disputa que se intensificou durante o governo Bolsonaro, quando o MEC [Ministério da Educação] foi colocado como um ministério estratégico para aproximar o conservadorismo das escolas”, diz.

Candomblé foi proibido em escola pública

Além de colher denúncias sobre a obrigatoriedade de intervalos bíblicos, o Sintepe recebeu relatos de proibição de outras práticas religiosas, como no Erem Confederação do Equador, em Paudalho, cidade da Mata Norte de Pernambuco, onde duas estudantes teriam sofrido discriminação por serem praticantes de candomblé.

“Elas chegaram me dizendo que os alunos estavam proferindo xingamentos dizendo que eram macumbeiras, filhas do diabo”, disse, em condição de anonimato, um dos professores das alunas à Pública. Segundo ele, a unidade de ensino não tomou providências. “Desenvolvemos rodas de conversa sobre o tema durante as aulas vagas. Esse não era uma demanda, mas se tornou após percebermos um aumento de casos de discriminação racial e de gênero motivados por um comportamento relgioso ultraconservador.”

As discriminações contra um grupo de estudantes praticantes do candomblé também teriam acontecido na Escola Técnica Estadual (ETE) Aderico Alves de Vasconcelos, em Goiânia. Um dos professores da escola contou, também em condição de anonimato, que eles foram desestimulados pela direção de ensino a realizar um intervalo de candomblé, enquanto o intervalo evangélico e o católico continuaram sendo realizados.

“Desde 2022, aqui na escola esse grupo [de alunos evangélicos] passou a se consolidar, influenciado por igrejas neopentecostais, promovendo uma certa resistência de outros estudantes , que têm se retirado das aulas que abordam cultura negra e suas tradições, mesmo havendo uma lei federal que obrigue a inclusão desse ensino”, disse.

Também na Erem Confederação do Equador, o professor Marcondes Rodrigues comenta que, em maio, os alunos foram incentivados a participar dos encontros Marianas, uma celebração tradicional católica da cidade que ocorre durante todo o mês. “A presença era obrigatória e alguns professores atribuíam atividades valendo nota”, diz.

Há dois anos, a escola deixou de ter dois intervalos bíblicos, um evangélico e um católico, depois que professores precisaram levar alguns alunos ao hospital, após um “momento de transe religioso liderado pela Renovação Carismática [Católica] da cidade”. Ele não vê problema nos intervalos bíblicos voluntários, mas é crítico à institucionalização desses momentos nas escolas. “Aqui na escola, em decorrência do que estava sendo ensinado nesses intervalos, um estudante passou a sofrer transfobia durante o seu processo de transição. Isso fere a laicidade do Estado”, diz.

A reportagem entrou em contato com as direções das escolas, mas não recebeu resposta até a publicação.

Fonte: ICL Notícias em 17/12/2024.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

Escola pública famosa com prêmio de ‘melhor do mundo’ tem indefinição sobre professores


Apenas 4 dos 22 educadores da escola são profissionais concursados e efetivos

Depois do risco de quase fechar as portas de 2017 a 2019 por falta de alunos, a Escola Estadual Deputado Pedro Costa, na zona norte de São Paulo, vive seu auge, com conversas sobre ampliação do número de salas de aulas e o aumento da procura por interessados em estudar ou trabalhar por lá.

A unidade tem recebido cerca de 20 ligações por dia de pais interessados em matricular seus filhos na escola, um recorde, segundo a diretora. A procura é reflexo do reconhecimento pelo prêmio internacional World’s Best School Prizes 2024, que qualificou o colégio como um dos três melhores do mundo.

A sequência de boas notícias, porém, pode ser interrompida por um revés: a troca de professores, já que apenas 4 dos 22 educadores da escola são profissionais concursados e efetivos.

Os 18 temporários — parte deles envolvida no projeto laureado — não têm prioridade de seguirem na unidade porque seus vínculos de trabalho são por contrato. Eles só ficam com as aulas que “sobram”, o que não deve acontecer em 2025, já que a escola está em evidência.

Além disso, parte dos professores temporários também já chegou ao tempo limite de contratação pela Secretaria da Educação, de três anos, e só poderiam retornar após uma quarentena.

Escola

O prêmio reconhece justamente escolas que constroem uma boa relação com a comunidade escolar, conjunto de pais, professores e alunos.

“Somos uma família, fomos construindo nossa relação com o tempo e a escola ser premiada só melhorou a situação”, afirma Adelaide Cardoso, de 48 anos, mãe de Artur, de 10 anos, e integrante da Associação de Pais e Mestres da escola.

As atividades extracurriculares, segundo os professores, reforçam a sensação de pertencimento dos estudantes em relação à escola, já que por conta delas eles passam mais tempo por lá. Os estudantes fazem aulas de xadrez, atletismo e cultura do movimento.

Adelaide avalia que essas atividades auxiliam os estudantes em todas as disciplinas. As noções de espaço e organização aprimoradas no xadrez, por exemplo, são fundamentais em aulas de matemática. Contudo, ela afirma que para essa relação entre as atividades aconteça de fato é fundamental que os educadores se conheçam.

A escola também observa com cuidado a presença dos estudantes e tem um projeto específico que combate a evasão escolar, chamado Quem Falta Faz Falta. A diretora da instituição, Janaína Alves Pereira Freire, conta que neste projeto é fundamental que o docente conheça as particularidades de cada estudante e sua realidade dentro e fora da escola.

“A escola é muito boa. Não tem que mudar nada e eu gosto muito daqui”, diz Dafinny Maria Bastos Santos, 10. Ela, assim como todos os estudantes da escola, tem aulas de xadrez e atletismo.

A maioria dos professores na unidade, entretanto, tem a sua relação de trabalho regida por contratos temporários. Esse perfil de docente representa 51% da rede estadual de São Paulo, segundo levantamento da organização Todos Pela Educação, com dados de 2023.

Esses servidores são chamados de Categoria O e são os últimos a escolher as aulas no processo de atribuição, depois dos professores efetivos, que são os que prestaram concurso, e os estáveis, que são os que estão há mais tempo na rede.

Segundo a diretora, é muito difícil encontrar professores como os atuais. “Não é todo profissional que se adapta ao ensino integral. A gente costuma brincar que é preciso virar a chavinha: tem muito trabalho e precisa se identificar com o projeto político pedagógico da escola”, diz Freire.

A escola está no Programa de Tempo Integral desde 2020, o que amplia a permanência dos estudantes na escola e, por isso, aulas adicionais são oferecidas.

Só que, nesta modalidade de ensino, nenhum membro é efetivo. Todos são nomeados por uma portaria, que tem duração de um ano e, após esse período, o trabalho é reavaliado.

A atribuição de aulas, no entanto, é igual em todas as escolas da rede. Primeiro, os efetivos, depois os estáveis e, por último, os contratados.

A categoria O também precisa se submeter a uma prova, que incluí uma videoaula. É ela quem define a classificação do professor e, portanto, quais serão as aulas que ele vai assumir e onde.

Só que isso só acontece nas escolas em que “sobram” aulas, o que não deve acontecer no Pedro Costa. “Eu já recebi ligações de professores efetivos [que têm prioridade na escolha], perguntando como será a atribuição de aulas”, conta a diretora.

O que diz a secretaria de Educação?

A secretaria da Educação diz as conversas sobre ampliação do número de salas de aula são embrionárias e não informou uma data sobre a possível mudança. Sobre o quadro de professores, a pasta informou, por meio de nota, que “a atual gestão reconhece e valoriza os profissionais da rede estadual de ensino” e que “realizou concurso para a admissão de 15 mil docentes”.

Ainda segundo a nota, “com o propósito de fortalecer a gestão escolar e reconhecer as contribuições dos professores contratados para uma aprendizagem significativa e eficaz, foram estabelecidos critérios para a análise da permanência desses docentes, após o atendimento às demandas dos professores efetivos e estáveis”.

Por fim, a secretaria informou que “compete ao diretor da escola”, com base nos requisitos estabelecidos em resoluções, a decisão sobre a recondução.

Fonte: ICL Notícias em 30/12/2024.