sábado, 19 de março de 2011

Resposta à “nota de esclarecimento e desagravo” intitulada “O Sindicato não tem Dono”


            Belíssima a afirmativa de um grupo de diretores do Sinpro-Rio que assinam uma nota de desagravo ao presidente Wanderley Quêdo. Eu, Adalgiza Burity Silva, sou uma dos 11 diretores inconformados com a violência de algumas decisões tomadas por parte da atual Diretoria.
Vamos aos fatos: a Informática do Sinpro-Rio foi dissolvida numa decisão ad referendum, isto é, sem nenhuma votação nos foros estatutários, reunião plena ou executiva. Digamos assim: “sou o todo-poderoso, fiz e está feito”. Em 80 anos de sua existência, é o primeiro presidente que ousa ignorar uma Diretoria eleita pelo voto da classe. Isto é democrático? Avalie você, associado(a).
            Na mesma ocasião, foi retirado do meu veículo, pelo professor Afonso Celso, o computador de uma funcionária, que apenas tinha me pedido uma carona. O professor, diretor do Sindicato e membro do grupo que assina o tal desagravo, alegou que nenhuma máquina poderia sair do Sindicato sem prévia vistoria dos novos dirigentes do setor de Informática. A minha idoneidade não bastava! Isto é democrático? Ou será classificado como invasão de propriedade?
            Estamos vivendo um grande impasse de posições sindicais. O termo “Sindicato não tem dono” fica mais adequado aos 11 onze diretores que lutam contra as demissões arbitrárias de funcionários; resolução ad referendum do presidente; e contratação de firma estrangeira (a Igap World Wide), com serviço caríssimo e contabilidade comum ao Sinpro-Rio e aos patrões.
            Uma grande inverdade consta no segundo parágrafo da “nota de esclarecimento”: “As deliberações foram sempre aprovadas em reunião plena de sua Diretoria composta por 43 membros”. Mentira. O caso da Informática e as demissões arbitrárias de funcionários é a prova da falta de democracia em nosso Sindicato.
            No terceiro parágrafo da “nota de esclarecimento”, ao falar da auditoria operacional, esqueceram de dizer que todos fizeram parte da Diretoria do Sindicato, no mínimo, há duas gestões; portanto, também responsáveis pelos gastos efetuados.
Nos quinto e oitavo parágrafos, os signatários expressam um conceito perigoso aos 11 diretores do Articulando Educadores: enquadrar na categoria de panfleto o manifesto assinado por nós 11, demonstrando a visão autoritária de quem não respeita a opinião democrática dos outros.
Nós temos histórico político de lutas e muita disposição para o embate no campo das ideias. Somos filiados ao Sinpro-Rio e o nosso Sindicato, à Feteerj, à CUT e à Contee, entidades criadas pelos trabalhadores ao longo da sua história. Entidades democráticas construídas na luta e na participação de todos. Essas entidades não têm dono!
No sexto parágrafo, a “nota de esclarecimento” diz o seguinte: “A ameaça de perda de hegemonia fez com que esse grupo minoritário venha forjando uma suposta ausência de democracia interna, interpretando as decisões tomadas pela Diretoria de maneira conveniente para justificar sua insatisfação com a atual gestão”.
Conveniente para quem? A única verdade desta afirmação é que o grupo dos 11 (Articulando Educadores) não concorda com fatos tão antitrabalhadores: demissões arbitrárias de funcionários; contabilidade comum ao patrão e ao Sinpro-Rio; empresa estrangeira na direção do Sindicato e gastos excessivos.
Os fatos estão aí, a categoria deve julgar e concluir.
Eu sou uma professora veterana envolvida nas lutas da categoria desde 1959, quando nossos direitos eram apenas sonhos articulados pelo Sindicato. Vi diversos virarem realidade pelo trabalho político-sindical de muitos.

 A luta continua...

 Adalgiza Burity Silva
Presidente da Comissão de Aposentados (Copap) e membro da Diretoria Executiva do Sinpro-Rio

11 comentários:

  1. Acho tudo isso profundamente lamentável. Sinceramente NÃO TENHO CONDIÇÕES DE AVALIAR QUEM ESTÁ COM A RAZÃO, mas o que tenho certeza é que estamos fazendo exatamente o jogo que interessa aos patrões: desunindo uma categoria(hã?) já historicamente desunida. Acho que deveriamos discutir essas questões de forma mais amadurecida. Pelo que vejo, AMBOS OS LADOS( olha que horror,temos lados opostos) ESTÃO USANDO A MÁQUINA DO SINDICATO. Se eles usaram o jornal, vcs estão usando o cadastro dos filiados. Estou muito preocupada com os rumos que estamos tomando. PENSAR POLITICAMENTE, AGIR POLITICAMENTE é um aprendizado e tanto! Não deixem as vaidades se sobreporem aos interesses de toda uma categoria já tão massacrada.Façam todos essa reflexão!
    Profª Marisa Sá.

    ResponderExcluir
  2. Resposta a Josemar.

    Entendemos a sua preocupação e concordamos com a sua análise. Nós, do Articulando Educadores, fomos duros com o presidente e o conjunto de diretores que o apoiam, pois precisávamos comunicar à categoria o que está acontecendo em nosso Sindicato. O atual presidente do Sinpro-Rio exerce o mandato de forma totalitária e não transparente, ultrapassando todos os limites do bom convívio político que deveria existir em qualquer grupo social, mesmo com divergências.
    Os companheiros do Articulando foram e são censurados e policiados no Sindicato pela postura arbitrária do atual presidente e seus seguidores, que tomam posições sem debater e votar na Diretoria as diversas medidas tomadas pela atual gestão, como, por exemplo, iniciar uma negociação de campanha salarial com o patronato sem convocar a categoria para debater a pauta de reivindicação, o que só ocorreu no final de dezembro, depois de cinco reuniões com o patronato e muita insistência do Articulando Educadores.
    Nós, do Articulando, vamos continuar denunciando à categoria os atos totalitários do atual presidente e do conjunto de diretores. Entretanto, vamos tentar dialogar com elegância as nossas divergências.
    Esperamos contar com sua visão crítica e serena para nos alertar dos exageros, embora saibamos que numa disputa política os ânimos se afloram.
    Agradecemos a sua preocupação, a qual deve ser de todos nós, inclusive do atual presidente do Sindicato dos Professores e seus comandados.
    Articulando Educadores

    ResponderExcluir
  3. Elson Simões de Paiva29 de março de 2011 às 21:55

    Caro professor Afonso Celso, estou esperando algum comentário sobre nossa reflexão sobre as maiorias e minorias criadas no movimento sindical, e como devemos nos comportar eticamente e de forma igualitária em princípios e fundamentos políticos, quando por momentos diferentes da vida passamos de minoria para maioria.
    Abraços de uma liderança da minoria interna, porém, que faz parte de uma maioria externa.
    Elson Simões de Paiva

    ResponderExcluir
  4. Uma dúvida: pq um PC ( e não um laptop, que seria mais comum e de praxe) de uso particular estaria fazendo no Sinpro? A empresa de Informática contratada não tinha máquinas suficientes? Não entendi a mecânica da coisa, mas não acho coerente e lógico uma empresa de informática que esta sendo dispensada pegar um PC e querer levar embora sim. Ao meu ver é uma atitude suspeita sim, e isso independe da suspeita e da idoneidade de qqr um. Não pode ser assim, não.

    ResponderExcluir
  5. O pensador alemão Carl Schmitt (1888-1985), ao invés de aceitar a versão “conservadora” de que a vida política persegue o "bem comum" dos cidadãos, uma noção que vinha desde Aristóteles, sustentou que a vida política, longe de buscar essa idílica harmonia, consiste na permanente luta entre adversários irreconciliáveis, cujo único propósito comum é destruir uns aos outros em busca do poder total.

    De acordo com Schmitt, as relações de inimizade definem não somente a batalha travada por lado contra o outro, mas também os vínculos aparentemente amistosos "dentro” de cada lado. Quem me define não é o meu amigo, mas meu inimigo, porque, ao opor-se a mim, define a minha estratégia e o meu destino.

    O adversário tornou-se tão alijado, que convida a ser ignorado, como acontece hoje com a oposição no Sinpro-Rio? Por que não desejam uma oposição no Sindicato? Querem vender a imagem de um "Sindicato Forte, com todos, por todos e para todos" (algo bem fascista), onde a oposição não tem espaço. Parece mais um sindicalismo de resultados. Onde está a democracia?

    ResponderExcluir
  6. Agradeço a consideração em retirar a expressão "de forma truculenta" e, sendo assim podem desconsiderar meus dois posts anteriores. Solicito até que retirem pois ficaram deslocados face à modificação do comentário de Adal. Sendo assim, voltarei a debater em alto nível que é o que sempre me caracterizou. Abçs

    ResponderExcluir
  7. Companheiros, penso que a reivindicação por democracia é justa e legítima, porém sempre alertei aos novos membros da diretoria eleita em2008, no caso, somente 3 que assinam esse blog, que avançamos muito na gestão do prof. Wanderley em relação a outra, minha primeira gestão, liderada pelo prof. Francílio, que assina esse blog. O que sempre argumentei é que a estrutura do Sinpro sempre possibilitou esse poder presidencial. E eu, na gestão Francílio, senti isso, discordei de alguns posicionamentos mas não rompi num primeiro momento. Percebo inúmeros avanços na gestão de Wanderley e solicitei que vcs dessem um credito de confiança como eu dei a gestão anterior. Vcs não me ouviram e se juntaram aquele que sempre se utilizou de praticas que vcs condenam para construirem uma oposição falseada em argumentos que aqui iniciou-se a anti-democracia.

    ResponderExcluir
  8. Professor Afonso Celso, você está equivocado em muitos aspectos.
    1) Esse blog é uma construção coletiva, inclusive de educadores que não fazem parte da diretoria do Sinpro-Rio.
    2) O professor Francilio não assina o blog Articulando. Até agora só postamos um artigo do companheiro de muitas lutas em prol da educação. Mas aguarde, em breve publicaremos mais textos do atual vice-presidente do Sinpro-Rio.
    3) Suas solicitações de voto de confiança foram ouvidas e acatadas, só que o atual presidente do Sindicato, em nenhum momento, quis dialogar com os Articuladores.

    ResponderExcluir
  9. Desculpem-me os equívocos. Porém, quando da apresentação do blog, não vi ninguém que não fosse diretor. O nome do professor Francílio constava nos 11 signatários do movimento. Não os responsabilizei pela ausência de diálogo. O que afirmo é que a alegação de vcs para "rachar" a diretoria e apresentar uma chapa de oposição, é menos consistente do que meus argumentos quando de meu primeiro mandato que tinha Francílio como presidente. Solicitei a vcs, em nome de nossa história conjunta, que dessem um voto de confiança a Wanderley agora como dei a Francílio na gestão anterior. Lamento que vcs não sejam tão pacientes quanto eu. Mas é bom lembrar: esse mandato pautou calendário único, condições de saúde, discussão do piso, EAD, protagonizou CONAE, limitou o mandato presidencial, aprovou orçamento participativo, inverteu a lógica receita despesa, apresentou uma prestação de contas mais detalhada,...quando lembrar falo mais.
    Abraços
    Ah! Lembrei. E os atos públicos? Só esse ano já foram 3. C.Grande, Taquara e Aterro. Isso é bobagem? Eu não acho. Estive nos 3.

    ResponderExcluir
  10. Companheiros, se o ex-presidente Francílio não assina esse blog como vcs afirmam, retirem sua foto e comentário no post sobre quem assina esse blog. Fico confuso sobre isso pois não entendi a afirmação de que Francílio não assina esse blog. Por quê? Vcs se envergonham de tê-lo ao seu lado? Me expliquem essa contradição.

    ResponderExcluir
  11. O professor Afonso Celso está confundindo as coisas. O professor Francilio assina o Manifesto do Articulando Educadores. O Blog não é assinado por ninguém. É uma ferramenta da rede (internet) que está a disposição de quem quiser editar. O Articulando Educadores é uma construção coletiva das professoras e professores que discordam de como o Sinpro-Rio está sendo administrado atualmente.

    ResponderExcluir