Com o pedido de indiciamento de seis pessoas junto ao Ministério Público
Federal (MPF), o relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) que investigou denúncias
contra universidades particulares do estado foi aprovado na
terça-feira (20/8) em plenário. O texto deve retornar para uma segunda
discussão na próxima terça-feira (27/8), para apreciação de emendas
destacadas. "Quando o relatório é rigoroso, é a prova de que as
denúncias foram comprovadas, ou seja, os delitos realmente existiram.
Foram casos graves, que afetam a vida principalmente de pessoas que
alimentavam o sonho de ter um diploma de nível superior. Sem contar os
casos de funcionários e professores sem salários e sem o recebimento de
seus direitos trabalhistas", comemorou o presidente da CPI, deputado
Paulo Ramos (PDT).
O relator do colegiado, deputado Robson Leite (PT), foi além e disse que
o relatório tem a missão de provocar, em Brasília, uma discussão mais
ampla sobre o ensino superior privado no País. "Precisamos provocar o
debate sobre a mercantilização do ensino superior, além de provocar uma
CPI em âmbito federal", acrescentou. O texto do relatório indica, ainda,
74 encaminhamentos que deverão ser feitos a outros órgãos públicos,
como os ministérios da Cultura, da Educação e do Trabalho.
Os possíveis indiciados junto ao MPF que constam do texto aprovado pela
CPI são: Candido Mendes e Alexandre Kazé, da Universidade Candido Mendes
(Ucam); Márcio André Mendes Costa, que atuou como controlador do Grupo
Galileo – que administra as universidades Gama Filho e UniverCidade –
entre 2010 e 2012; Rui Muniz, da Universidade Santa Úrsula; e Igor
Xavier e Rodrigo Calvo Galindo, do Grupo Kroton, que administrava a
Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura (Suesc). Dentre os
encaminhamentos do documento, estão a intervenção imediata do Governo
Federal na UniverCidade e na Universidade Gama Filho, a não participação
de instituições com problemas trabalhistas nos programas de bolsas
públicos, a implementação de um tributo específico para a criação de um
fundo de pesquisa para o ensino à distância e a proibição de sociedades
anônimas serem mantenedoras de universidades. Confira, abaixo, as
principais denúncias do relatório.
- Atrasos e falta de pagamentos aos funcionários, assim como imposto sindical, INSS e FGTS;
- Ensino à distância – suspeita de fraude e venda de diplomas e ausência de regulamentação por parte da Câmara Federal;
- Grupos estrangeiros e sociedades anônimas comandando as universidades privadas no estado do Rio;
- Irregularidades em relatórios financeiros;
- Sistemas de bolsas, como o Financiamento Estudantil (Fies) e o
Programa Universidade para Todos (Prouni), conferidos a instituições com
conceitos baixos pela avaliação do Ministério da Educação;
- Aumento abusivo da mensalidade em 64 instituições;
- Convênios com prefeituras sem licitações públicas.
Fonte: Ascom da ALERJ, em 20/8/2013.
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