Quando
tramitava no Congresso proposta para estipular cotas para a
meia-entrada, muitos produtores culturais estimavam que a novidade
acarretaria
uma redução de mais de 30% no preço dos ingressos. Agora, quando o
Estatuto da Juventude já foi sancionado, as avaliações são menos
assertivas.
Como
defendia o setor, a lei passa a impor um limite de 40% para a venda de
ingressos reduzidos, o que deveria, em tese, provocar queda nos valores
cobrados. Afinal,
haverá a garantia de que o benefício não incidirá sobre mais da metade
dos bilhetes.
Entre
a teoria e a prática, entretanto, vai uma distância. Produtores, que
tiveram seu pleito atendido, já começam a alinhavar argumentos para
justificar uma possível
manutenção dos preços, descumprindo sua parte no acordo.
Cresce
a importância, assim, da regulamentação da norma, a ser feita pelo
Executivo antes de ela entrar em vigor --o que acontecerá 180 dias
depois de sua publicação
no "Diário Oficial". Aspectos relevantes precisam ser definidos, como a
fiscalização das cotas e os critérios para emissão das carteiras
estudantis, que serão obrigatórias.
No
primeiro caso, a tendência é que os Procons se constituam na instância
de controle. Da eficiência de sua atuação dependerá que a venda das
meias-entradas não seja
interrompida antes de a cota de 40% ter de fato sido atingida, em
prejuízo do consumidor.
No
segundo, o texto aprovado é ambíguo, ao dizer que a certificação será
realizada "de preferência" pela Associação Nacional de Pós-Graduandos,
pela União Nacional dos
Estudantes (UNE), pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e
por entidades estaduais e municipais a elas filiadas.
A
expressão "de preferência" não deixa de funcionar como proteção contra o
monopólio dessas entidades na emissão das carteiras estudantis. Não se
sabe, contudo, que outras
instâncias estariam autorizadas a fornecê-las.
A
dúvida poderá ser dirimida de maneira regressiva e equivocada caso o
Congresso chancele um projeto em tramitação, que institui a
exclusividade daquelas entidades na
emissão do documento.
Fonte: Folha de São Paulo, em 11/8/2013.
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