As três cidades com maior avanço no componente educação do Índice de
Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de 1991 a 2010 estão no
Tocantins, Maranhão e Piauí. Os três municípios, Ribamar Fiquene (MA),
Capitão Gervásio Oliveira (PI) e Monte Santo do Tocantins (TO) têm menos
de 10 mil habitantes e 30 escolas, entre rurais e urbanas. Em 20 anos, o
componente educação cresceu mais de 5 mil vezes em dois casos e mais de
4 mil vezes em um caso. Saiu de 0,01 e passou para 0,527 na cidade
maranhense; 0,464 na piauiense e 0,547 na tocantinense. Apesar do salto,
ainda estão em níveis baixo ou muito baixo e estão entre os 45% piores
resultados identificados no IDHM Educação.
O município Capitão Gervásio Oliveira não conseguiu cumprir nenhuma das
metas para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) desde
2007. Pelos últimos dados disponíveis, em 2011, no 5º ano do ensino
fundamental, o município registrou Ideb de 3,3, da meta estipulada em
3,9. No 9º ano, o Ideb foi 3 (meta 3,7). O Ideb brasileiro equivale a 5
nos anos iniciais e 4,1 nos anos finais do ensino fundamental. O índice
do Ministério da Educação (MEC) é calculado com base no desempenho e na
aprovação dos alunos.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Capitão Gervásio de Oliveira registra cerca de 900 matrículas no ensino
básico. Zenaide Lopes da Silva que é professor há 25 anos e diretor de
uma unidade escolar do município diz que o grande problema é a falta de
interesse dos estudantes. A escola tem 250 alunos, quase um terço das
matrículas do município.
Pelos dados da Prova Brasil 2011 disponibilizados pelo portal QEdu:
Aprendizado em Foco - uma parceria entre a Meritt e a Fundação Lemann,
organização sem fins lucrativos voltada para educação – dos estudantes
do 5º ano, 7% aprenderam o conteúdo de matemática adequado para o
período e 21% o adequado em português. Os cálculos são baseados em meta
estabelecida pelo movimento Todos pela Educação.
"O acesso à escola melhorou muito. Mas o interesse dos alunos não. Há 20
anos o pessoal tinha mais interesse em aprender. Eu comecei a dar aula
em uma turma multisseriada de 60 alunos. Alfabetizava a turma toda
sozinho e eles queriam aprender. Hoje não é mais assim", diz Silva. O
diretor aponta a falta de estrutura e material didático apropriado como
fatores que levam a essa falta de vontade de estudar. Segundo ele, a
escola está sem 50 livros para usar nas salas de aula desde o começo do
ano.
Dados do Censo Escolar de 2011, também disponibilizado pelo QEdu mostram
que a escola dirigida por Silva não tem biblioteca, laboratório de
informática, laboratório de ciências ou quadra de esportes. "A estrutura
é péssima. Não temos espaço para educação física, os professores ficam
enrolando porque não tem espaço. As salas são pequenas e parecem um
presídio, sabe? As janelas são muito altas e pequenas. Aqui faz muito
calor, estamos no Semiárido, se tivesse um ar-condicionado os alunos iam
ficar mais confortáveis", analisa o diretor.
Monte Santo do Tocantins tem nove escolas e 430 matrículas. A cidade é
pequena – a menor das três, com 2.085 habitantes. Ao contrário da cidade
piauiense, pelos últimos dados disponíveis, em 2009, a cidade superou a
meta do Ideb para o município e atingiu 3,9, da meta de 3,8 para o 5º
ano do ensino fundamental e 4,3 (meta 3,5) para o 9º ano.
Ao falar da escola das filhas, Sadreli Andrade diz com segurança: "É
ótima". O que mudou em 20 anos foi a formação dos professores. Ela é
coordenadora da escola José Benício Mariz, onde duas filhas estudam e
uma terceira se formou. "Agora todos os professores têm graduação e
formação específica, antes não era assim", diz.
Sandreli diz que sempre incentivou as filhas a estudar. Uma delas,
recém-formada no ensino médio decidiu que vai seguir a carreira da mãe e
cursar pedagogia. "No meu tempo a gente morava em fazenda e tinha que
andar até a escola. Hoje, temos todas as facilidades. A mais velha está
na faculdade em Paraíso [cidade a 63 quilômetros de Palmas] e tem
transporte escolar gratuito para ir às aulas".
Dados do Censo Escolar mostram que a escola não tem biblioteca, sala de
leitura ou quadra de esporte. Apesar disso, a diretora, Maria de Lurdes
Benício, diz que a escola tem sim uma boa estrutura, que inclui
laboratório de informática com 20 computadores e que isso ajuda os
alunos a aprenderem. "A educação evoluiu muito, eu leciono há 21 anos.
Antes, tudo era tão difícil, não tínhamos acesso à tecnologia. Hoje,
temos como pesquisar, como buscar informações na internet, não
precisamos contar só com os livros didáticos", diz. Os últimos dados
disponíveis mostram que, em 2007, 13% dos alunos tinham aprendizado em
português adequado para o 9º ano do ensino fundamental.
Ribamar Fiquene teve a maior variação no IDHM Educação: aumento de 5.170
vezes. Em relação ao Ideb, o município superou a meta do índice para
2011 no 5º ano – 4,3 da meta de 3,7; e atingiu a meta de 3,7 para o 9º
ano. Pelos dados do QEdu, baseados na Prova Brasil, em 2011, 17% dos
alunos do 5º ano tinham aprendizado adequado em português. No 9º ano, a
taxa caiu para 6% dos alunos. Já em matemática, 12% dos alunos do 5º ano
e 1% dos alunos do 9º ano tinham o aprendizado aquedo ao período.
Fonte: Agência Brasil, em 5/8/2013.
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