Representantes de Kroton e Anhanguera negociam com o Conselho
Administrativo de Defesa Econômica ( Cade ) a venda de ativos para que a
fusão desses dois grupos de ensino seja aprovada. Este caso é o
primeiro a receber o maior prazo para análise previsto na nova
legislação antitruste (Lei nº 12.529). Considerando o prazo de 330 dias,
o Cade tem até o início de junho para tomar uma decisão.
O Cade entende que a união entre as duas empresas do setor de educação
gera problemas à competição em 55 municípios nos quais a concentração de
mercado de ambas, juntas, ultrapassaria 30%. Ao todo, as empresas estão
presentes em mais de 500 municípios. As negociações se dão, portanto,
em 10% das cidades onde Anhanguera e Kroton têm cursos.
O maior dilema para a aprovação do negócio está no mercado de ensino a
distância. Trata-se de um mercado com mais de 20 grandes "players" e
mais de 20 mil alunos no país. O Cade estuda impor restrições neste
setor, pois o ensino a distância não é feito integralmente pela
internet. Há atividades que são realizadas nos polos educacionais que se
localizam nas cidades onde estão os cursos. No setor de educação
presencial, o Cade identificou preocupações concorrenciais em apenas
três municípios.
Kroton também tem tido reuniões com representantes do Ministério da
Educação (MEC) para tratar da fusão com a Anhanguera, conforme antecipou
na quarta-feira o Valor PRO , serviço de informação em tempo real.
Alguns encontros estão sendo realizados apenas com o MEC e outros em
conjunto com o Cade , segundo fontes do setor.
O Cade sinalizou que há problemas de concorrência no segmento de ensino a
distância, em especial, em cinco cursos: administração, ciências
contábeis, serviço social, gestão de RH e gestão hospitalar. Mas a
legislação atual não permite que sejam vendidos apenas os cursos, sendo
necessária a venda de toda a instituição de ensino.
Segundo fontes do setor, o Cade sugeriu que uma das instituições de
ensino a distância das companhias - Unopar , Uniasselvi (ambas da Kroton
) ou Uniderp (Anhanguera) - seja vendida. Mas as companhias não têm
interesse em se desfazer dos ativos.
Fonte: Valor Econômico, em 31/3/2014.
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