terça-feira, 13 de maio de 2014

Mudanças climáticas já são alarmantes

Dias e noites mais quentes, ondas de calor, eventos de chuva extrema, aumento dos ciclones tropicais e prolongamento das secas. Esses são alguns dos cenários de futuro apresentado no relatório do PainelIntergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), debatido por especialistas, na terça-feira (29/4), na Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC).

As alterações no clima provocam impactos físicos, econômicos e sociais em diversos países. Na América do Sul, a previsão é que a distribuição e uso da água sejam afetados, assim como a produção de alimentos. A safra de trigo já caiu e pode reduzir também a de milho, soja e arroz.

- A mudança climática já é alarmante com riscos irreversíveis e vai necessitar um grande trabalho de adaptação, com medidas que devem ser tomadas rapidamente - alertou Osvaldo Luiz Leal de Moraes, representante da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

Medidas como o uso de materiais de construção adequados a climas diferentes, a contenção de enchentes, entre outras, foram apontadas pelo representante daSecretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Sérgio Margulis.

Aquecimento global

No entanto, o acordo internacional para mitigar o aumento da temperatura, passa por uma mudança de comportamento em relação ao consumo. É o que defende a vice-presidente do IPCC, Suzana Kahn.

- A tecnologia pura e simples não vai resolver o problema. Se a gente considerar o aumento populacional no mundo, mantendo o mesmo padrão de consumo da classe média ocidental, não adianta - afirmou.

Nesse sentido, os países mais poluidores são os de menor renda, que produzem bens para atender a demanda dos mais ricos. Na opinião de Suzana Kahn, os países consumidores também são responsáveis pelo aquecimento global.

O relatório sobre mudanças climáticas revelou ainda que, em 2010, a emissão de gás carbono, que causa o efeito estufa foi o maior da história. O aumento está relacionado à geração de energia e, em menor número, ao uso da terra (queimadas e desmatamento).

A Europa, por razões geopolíticas intensificou o uso do carvão na sua matriz energética, gerando o crescimento da intensidade de carbono no setor industrial.

Aprovada pelos governos, a utilização da biomassa para substituir as usinas térmicas a carvão, é uma das medidas de mitigação destacadas no relatório.

Para o presidente da comissão, deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), um acordo entre os países para instituir a redução de carbono como unidade de valor do sistema financeiro internacional, seria uma medida complementar para manter os níveis desejados de temperatura no planeta.

Brasil

Segundo os especialistas, nos últimos cem anos a temperatura no Brasil aumentou em média dois graus. E a previsão é aumentar mais dois graus até o fim do século.

Fenômenos climáticos recentes como as grandes cheias em Rondônia, Rio de Janeiro e outros estados, tornado em Santa Catarina e a seca em São Paulo foram mencionados pelos debatedores.

O senador pelo Ceará e vice-presidente da comissão, Inácio Arruda (PCdoB), lembrou os três anos de estiagem seguida no Nordeste e questionou os participantes sobre as previsões climáticas para a região.

As respostas divergiram, com tendência de aumento da desertificação e períodos maiores de seca, mas também aumento de chuvas, ainda que com distribuição irregular. Estudos apontam que no litoral nordestino, nos últimos 50 anos, não houve mudança na quantidade de chuvas, ao contrário do interior.


A previsão é que chova mais, tanto no Nordeste quanto na Região Amazônica, nos próximos anos. Contudo, como são usados mais de 30 modelos climáticos diferentes, é comum que os resultados sejam mais discordantes em relação às chuvas do que sobre o aumento da temperatura. A expectativa é de que o uso por cientistas brasileiros de um modelo de escala global possa garantir melhores cenários e previsões mais precisas.

Fonte: JC e-mail 4943, de 30 de abril de 2014.

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