A
meta para o gasto público brasileiro em educação aprovada pelo Congresso está bem acima do padrão seguido pelas principais
economias mundiais. Em nenhuma delas as despesas dos governos com o
ensino se aproximam de 10% do PIB (Produto Interno Bruto).
Esse
é o patamar a ser atingido pelo Brasil até 2024, de acordo com o texto
do Plano Nacional de Educação, que segue para sanção da presidente Dilma
Rousseff (PT). Na base de dados das Nações Unidas, percentuais do PIB
de dois dígitos são encontrados apenas em alguns poucos países pequenos.
De
2008 para cá, os exemplos são Lesoto (13%, a maior proporção), Cuba,
Timor Leste e São Tomé e Príncipe. São casos em que as dimensões
minúsculas das economias --e, no caso cubano, também as peculiaridades
do regime comunista-- distorcem as estatísticas.
Entre
os países com maior peso na renda mundial, reunidos no G-20, os
desembolsos com a educação variam de 2,8%, na Indonésia, a 6,3% do PIB
no Reino Unido, de acordo com a ONU. No Brasil, são 5,8%, um dos maiores
percentuais do grupo. Já pela metodologia mais ampla adotada pelo
governo, a despesa chegou a 6,4% do PIB em 2012.
Prioridade
A
medida da despesa como proporção do PIB indica o grau de prioridade
atribuído a uma atividade --em outras palavras, qual a parcela dos
recursos disponíveis do país é destinada ao setor. Se os dados mostram
que a fatia da renda brasileira aplicada na educação está entre as mais
altas do mundo, isso não significa um padrão de ensino igualmente
elevado --afinal, a renda do país é apenas mediana quando dividida pela
população.
A
França, por exemplo, aplica no ensino um percentual do PIB semelhante
ao do Brasil hoje, mas a renda per capita francesa é o triplo da
brasileira, considerando o poder de compra das moedas. Reduzir essa
diferença por meio do aumento do gasto total é uma tarefa difícil, mesmo
no prazo de uma década.
Um
ponto percentual do PIB significa um gasto anual de R$ 52,9 bilhões,
mais que o dobro do Bolsa Família; três pontos percentuais superam o
dobro da receita da extinta CPMF, o imposto do cheque. O gasto
brasileiro por aluno da rede pública tem crescido rapidamente nos
últimos anos, com a ajuda do envelhecimento da população, que diminui o
número de crianças e jovens.
Em
2011, o gasto público médio por estudante ficou em R$ 4.916. Trata-se
de um aumento de mais de 140% em uma década, em valores corrigidos pela
inflação.
Fonte: JC e-mail 4967, de 05 de junho de 2014.
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