Em plena ditadura militar, no ano de 1978, teve início o
processo de reconstrução e retomada do Sinpro-Rio como instrumento de defesa
dos direitos de uma categoria profissional sofrida e explorada pelos empresários
do ensino – a categoria das professoras e professores da rede particular do
município do Rio de Janeiro. Sob a liderança do professor José Monrevi Ribeiro
um grupo de novos e velhos professores derrotaram nas eleições de agosto a
diretoria imobilista. Em quatro meses já estávamos em campanha por um abono
salarial e decretando nossa primeira greve – dos Instrutores do Senai. Em abril
de 1979 lideraríamos a greve salarial dos professores de 1º e 2º Graus que
duraria mais de 20 dias, realizando assembleias que mobilizavam cerca de 3 mil
colegas. Recuperava-se então a credibilidade da entidade como instrumento de
luta na defesa dos interesses da categoria docente e no calor da luta organizava
os docentes contra a ditadura militar e pelas liberdades democráticas. Lá
estávamos nós e muitos outros professores e professoras, diretores ou ativistas
sindicais, prontos para construir uma importante página da nossa história de
vida.
Estiveram à frente do nosso Sindicato os professores José
Monrevi (1978-1984), o saudoso Robespierre Martins Teixeira (1984-1987), Gilson
Pupin (1987-1996) e Francilio Pinto Paes Leme (1996-2008). Nestes períodos
destacamos a primeira greve da Educação Superior; a conquista do seu primeiro
Contrato Coletivo de Trabalho; as campanhas salariais que buscavam a
participação docente; a regularização do jornal do sindicato A Folha do
Professor; a construção da primeira subsede do Sinpro, localizada em Campo
Grande; a conquista da representação sindical dos professores do Ibeu, Cultura
Inglesa e Aliança Francesa através dos seus respectivos movimentos de luta; a
luta pela Anistia Ampla Geral e Irrestrita; o “Fora Collor”; a organização do
Departamento Jurídico preparando-o para defender com competência a nossa
categoria; a inauguração da “Escola do Professor” como espaço de discussão da Educação
e seu papel transformador na sociedade; a construção da moderna subsede da Zona
Oeste (Campo Grande) e das subsedes da Barra (com imóvel próprio) e Madureira;
além da ampliação e modernização da informática e da sede central, que passou a
ocupar o 2º, 3º, 4º, 5º e 6º andares. Foi importante também nossa inserção
política no movimento nacional de professores e trabalhadores com nossa participação
na Feteerj, na Contee e na CUT, acompanhada da fundação da Copap que passou a
reunir os aposentados da nossa categoria. A gestão financeira sempre foi
tratada com transparência onde os balanços eram publicados no Jornal do Professor e no
portal do sindicato.
Após aprovação em
assembleia, o atual presidente (eleito em 2008) recebeu a direção do sindicato
com cerca de R$ 15 MILHÕES em caixa. Finalmente gostaríamos de chamar atenção
dos colegas sobre a gestão democrática aprendida e praticada nos 30 anos do
período 1978-2008. Campanha salarial era sempre aberta em fevereiro com
assembleia da categoria. Sua função era discutir e elaborar a pauta de
reivindicações a ser defendida pelo movimento, exercendo pressão nas
negociações com os patrões. Assembleias eram convocadas durante o processo de
negociação para o devido conhecimento da categoria e possíveis correções de
rumo no processo de luta. Decisão de
assembleia é para ser cumprida!
Professoras e Professores, o que está acontecendo hoje com o
Sinpro-Rio? Será que a obra de tantos, erguida ao longo de 30 anos está sendo
destruída pela incompetência, o aparelhamento e a falta de ética?
Assembleias salariais ou de prestação de contas são
convocadas sorrateiramente para as vésperas do Natal. Estarão elas acobertando
acordos inconfessáveis com os patrões e contratações de empresas com possíveis
suspeitas de tráfico de influência? Ou desejam acobertar a situação falimentar
a que conduziram a entidade que deverá
fechar o ano com déficit superior a R$ 5 milhões. Uma vergonha para todos nós
ao sabermos as dívidas contraídas e não pagas a outras entidades irmãs.
Será que o atual Presidente acha que seremos nós professores que iremos pagar o
pato da sua incompetência cobrando-nos 3% no próximo contracheque? Justamente
quando não fez campanha salarial da educação básica em 2014 e terminou fechando
Acordo lesivo aos nossos interesses, com reajuste salarial de 6% quando a
totalidade das escolas reajustou as mensalidades em torno de 12%?
E a campanha salarial da Educação Superior? Esta então, ninguém
sabe ninguém viu!
Colegas Professores, nós ex-presidentes do Sinpro-Rio,
tivemos nossas divergências no passado. Estas, sempre em torno de diferenças na
concepção de organização do sindicato, mas nunca em relação a questões de ordem
ética ou moral. Assistimos com tristeza e pesar a estes fatos lamentáveis que
estão destruindo a entidade. Em nome da sua tradição de luta, nós,
ex-presidentes do Sinpro-Rio nos dirigimos à categoria convidando-a, como
fizemos em 1978, para juntos salvarmos e reconstruirmos o nosso Sindicato.
Para tanto votaremos nas eleições sindicais dos dias 12, 13 e 14 de agosto,
na Chapa 2, de oposição, liderada pelo jovem professor e ativista sindical desde 1988, Oswaldo Luiz Cordeiro Teles, que
soube reunir um conjunto de colegas ligados política, ideológica e emocionalmente
às lutas do Sinpro-Rio e levarão a sério o compromisso de respeitar as
professoras e professores que sofrem, cada vez mais, a exploração do seu
trabalho.
José Monrevi Ribeiro
Gilson Puppin
Francilio Pinto Paes Leme
Nenhum comentário:
Postar um comentário