Lei federal
determina que, até 2020, todas as escolas do Brasil tenham bibliotecas, com, no
mínimo, um livro por aluno matriculado. É lamentável verificar que a meta está
longe de ser alcançada, como demonstra o Censo Escolar 2013, ao indicar que
contam com esse equipamento apenas 12,4% dos estabelecimentos do ensino
fundamental e do médio das redes municipal e estadual do município de São
Paulo. E estamos falando do estado e da cidade com os maiores orçamentos
nacionais.
A ausência de bibliotecas em escolas públicas
compromete as metas relativas à formação de novas gerações de leitores e a
própria qualidade do ensino, considerando a importância dos livros e do ato de
ler para os resultados do aprendizado.
O Brasil precisa avançar muito nesse sentido, como
demonstram as notas do exame internacional Pisa, realizado pela Organização
para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em abril último, foram
divulgados os resultados da primeira avaliação da capacidade de resolução de
problemas de matemática aplicados à vida real.
Participaram 85 mil estudantes, de 44 países.
O Brasil ficou em 38° lugar, atrás apenas da
Malásia, Emirados Árabes Unidos, Montenegro, Uruguai, Bulgária e Colômbia. Nos
primeiro lugares encontram-se Cingapura, seguida da Coreia do Sul, Japão e
China. Aproximadamente 40% dos estudantes brasileiros que participaram da
avaliação alcançaram os níveis 1 e 2 de conhecimento, que são os mais
baixos.
Somente 1,8% de nossos alunos conseguiu situar-se
nos patamares mais altos (5 e 6), com capacidade de resolução de problemas
matemáticos mais complexos.
Dentre os estrangeiros, 11% conseguiram resolver as
questões complexas.
O Pisa é realizado a cada três anos. Participam
adolescentes com idade de 15 anos, ou seja, são os alunos que estão passando do
ensino fundamental para o médio. O exame é reconhecido internacionalmente como
um dos parâmetros de avaliação dos conhecimentos de matemática, leitura e
ciências.
Na prova anterior, divulgada em dezembro de 2013,
na soma dessas três disciplinas, o Brasil ficou na 58º posição, dentre 65
países.
No exame divulgado em abril, relativo à compreensão
da matemática na vida real, uma das dificuldades de nossos estudantes foi a
compreensão dos enunciados. Isso ratificou posições anteriores dos brasileiros
no Pisa.
Em edições anteriores, inclusive quando avaliada a
performance em leitura, também ficamos nos últimos lugares. A psicolinguista
argentina Emilia Ferreiro, uma das maiores autoridades mundiais em
alfabetização, que influenciou bastante os Parâmetros Curriculares Nacionais do
Brasil, observa: "Para ensinar a ler e escrever é necessário utilizar
diferentes materiais. Um livro só não basta. É preciso utilizar livro, revista,
jornal, calendário, agenda, caderno, um conjunto de superfícies sobre as quais
se escreve".
Assim, não é sem razão que a indústria gráfica, por
meio do Sindigraf-SP e da Abigraf-SP, entidades que a representam no Estado de
São Paulo, mantém o Projeto de Revitalização de Bibliotecas. Já foram entregues
16 desses equipamentos, com um acervo básico de livros, em municípios do
interior paulista onde os alunos das escolas públicas não dispunham desse
recurso. Acreditamos que a sociedade civil, embora a educação seja obrigação
constitucional do Estado, deva contribuir para que os estudantes de baixa renda
tenham mais acesso aos livros.
A questão do ensino é uma das prioridades da
indústria gráfica, e não apenas pelo seu justo interesse capitalista de que se
imprimam mais livros no País. O significado da leitura e da educação transcende
a essa questão econômica. Estamos falando de justiça social, democratização de
oportunidades, acesso ao conhecimento e desenvolvimento socioeconômico.
Por isso, as entidades de classe que representam o
setor - Abigraf Nacional, Abigraf-SP e Sindigraf-SP - aplaudiram a aprovação,
na Câmara dos Deputados, do Plano Nacional da Educação (PNE). O item do projeto
que prevê investimento gradativo de 10% do PIB na rede pública nos próximos dez
anos foi pioneiramente sugerido no Congresso Brasileiro da Indústria Gráfica,
em outubro de 2011, em Foz do Iguaçu, Paraná.
A necessidade de mais dinheiro para o
ensino é escancarada quando se constata que, na segunda década do século 21,
88% das escolas públicas da cidade mais rica do Brasil não têm biblioteca.
Fonte:
Jornal
DCI, em 15/7/2014.
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