Identificar os pontos fracos na aprendizagem dos alunos, traçar metas
claras para superá-los e aprimorar a gestão são algumas das boas
práticas adotadas por 215 escolas públicas que atendem a alunos de baixa
renda familiar e que conseguiram melhorar indicadores educacionais
entre 2007 e 2011. As práticas comuns a essas instituições e que têm
permitido avanços foram identificadas pela pesquisa Excelência com
Equidade, produzida pela Fundação Lemann em parceria com o Itaú BBA.
Os anos iniciais do ensino fundamental do (1º ao 5º) foram o foco da
pesquisa. A análise teve como base um universo de cerca de 15 mil
escolas com estudantes de baixo nível socioeconômico e chegou a essas
215 instituições que apresentaram evolução no Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb) de 2007 a 2011. Elas apresentaram resultado
satisfatório na Prova Brasil 2011, com pelo menos 70% dos alunos com
nível adequado em matemática e em língua portuguesa.
A partir daí, essas escolas foram comparadas a outras de nível
socioeconômico e contexto similares que tiveram desempenho semelhante no
Ideb em 2007, mas não atingiram o mesmo avanço nos indicadores
educacionais em 2011. No estudo qualitativo da pesquisa, buscou-se
identificar as práticas e estratégias comuns das escolas que passaram
pelos critérios, enquanto o estudo quantitativo procurou mapear as
características dessas 215 unidades que podem explicar o sucesso e as
ações que conseguiram implementar.
Os pesquisadores constataram que um dos diferenciais é que essas
instituições monitoram as deficiências e os avanços dos indicadores
educacionais e fazem avaliações constantes do desempenho dos alunos e
profissionais da educação. Identificados os pontos a melhorar, são
traçadas metas claras, com a participação dos educadores, e planejadas
as estratégias para alcançá-las. O apoio e a participação efetiva das
secretarias de Educação, sejam municipais ou estaduais, são apontados
pela pesquisa como fundamentais em todo o processo.
Ao longo de todo o ano, professores, coordenadores e diretores são
capazes de identificar os conteúdos que cada aluno domina e aqueles em
que ainda precisa melhorar. “A vantagem desse modelo focado no
aprendizado é que a escola é capaz de interferir assim que identifica um
problema de aprendizagem, impedindo que os alunos fiquem para trás. O
que os alunos estão ou não aprendendo é a base para a formação
continuada dos professores, o reforço escolar”, registra o texto.
Em algumas escolas, o estudo identificou o pagamento de bônus a
professores e a outros profissionais que conseguem cumprir as metas
estabelecidas. Um maior montante de recursos disponíveis e a gestão
eficiente com foco na aprendizagem estão entre os fatores apontados como
determinantes. Outro aspecto que se verifica é a baixa ocorrência de
problemas como insuficiência de professores, de pessoal administrativo e
recursos pedagógicos.
“As condições, seja de infraestrutura, de cumprimento do currículo, são
melhores nessas escolas do que nas demais com alunos de baixo nível
socioeconômico. Nossa interpretação é que elas conseguem mais recursos
do PAR [Plano de Ações Articuladas] por programas de adesão do governo
federal e de algum tipo de articulação com os estados”, disse o
coordenador de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Martins Faria.
O cuidado com questões como segurança, organização e limpeza também
estão relacionadas ao avanço no aprendizado, mostrou a pesquisa. Outro
diferencial é a preocupação de diretores e professores em manter a
disciplina, rotinas organizadas e assegurar a frequência e a
pontualidade dos estudantes. Atividades extracurriculares, como prática
de esportes e festas e apresentações estudantis, também aparecem como
fatores que contribuíram.
A Escola Municipal Santa Maria Goretti, de Goiandira (GO), é uma das que
integram a pesquisa. A diretora Zilah Vaz aponta a adoção do turno
integral como fundamental para o bom rendimento dos alunos. No
contraturno, cerca de 150 dos 300 alunos da escola têm aulas de reforço
de matemática e português e atividades esportivas.
Ela conta que os
recurso de programas federais, como o Mais Educação e o Mais Cultura,
contribuem para ampliar as atividades.
Há ainda ações complementares, como palestras sobre educação ambiental e
educação no trânsito. Algumas das atividades extras são decididas com a
participação do conselho escolar, que tem pais de estudantes entre os
integrantes.
Zilah Vaz destaca ainda o interesse dos professores. “Em sua maioria,
são engajados, bem interessados em aprender mais e aplicar os
conhecimentos. A coordenação pedagógica tem atuado no sentido de
orientar sempre os professores”, explica.
Fonte: Agência Brasil, 4/9/2014.
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