Votarei em Dilma por razões simples e progressistas que só afetam de
maneira indireta o meu dia-a-dia. Por razões, portanto, republicanas.
Julgo que durante seu governo avanços foram feitos em direção à melhoria
das condições de vida das classes populares.
Nomeio os avanços,
salientando que eles foram articulados no âmbito duma geografia nacional
descentrada (sem privilégio ao eixo sudeste): programa residencial para
os cidadãos de baixa renda, educação nos vários níveis, saúde pública,
maior acesso das famílias aos bens domésticos e sensível aumento da
autoestima.
O último avanço – aumento da autoestima − pode
parecer ridículo às vésperas da eleição. Não o é, pois se refere ao modo
como nos últimos anos cresceu o reconhecimento por parte das classes
altas e letradas daqueles e daquelas que vieram sofrendo por séculos as
várias formas de preconceito social, étnico ou comportamental. Isso
também redunda em ganho democrático da população brasileira como um
todo.
Só criticaria seu governo por algo que me toca diretamente:
o reduzido interesse dedicado às atividades culturais e artísticas na
complexidade que elas adquiriram no século 21.
(*)
SILVIANO SANTIAGO é escritor. Romancista, poeta, crítico literário,
ensaista e professor. Autor dos livros Em Liberdade, Stella Manhattan,
Viagem ao México.
Ganhou o Premio Ibero-Americano José Donoso 2014 da Universidade de Talca, no Chile, o qual receberá no fim de outubro.
* Articulando esclarece que o conteúdo e
opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do
autor e não refletem necessariamente a opinião do coletivo de
educadores.
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