Cursos como enfermagem, farmácia e odontologia entregaram 13,4% menos
diplomas em 2013 em comparação com 2012. Em cursos de formação de
professores, verificou-se uma baixa de 10%.
Em ambas as áreas, a redução de estudantes que concluíram o ensino
superior foi maior do que a média de 5,65% de todos os cursos.
Em 2012, foram entregues 1,05 milhão de diplomas; no ano passado, 991
mil, de acordo com o censo apresentado pelo Ministério da Educação em
setembro.
Foi a primeira vez que caiu o número de formandos desde 2002, quando teve início a série histórica.
O MEC (Ministério da Educação) afirma que a queda se deve a ações de fiscalização em faculdades, entre outros motivos.
Especialistas apontam como fatores de desestímulo para a formação em
saúde e educação baixos salários e estrutura e gestão precárias,
principalmente em cidades do interior do país.
MENOS PROFESSORES
O MEC (Ministério da Educação) informa o número de concluintes por
áreas, e não por cursos, seguindo o padrão da OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
A área de saúde e bem-estar abrange graduação em medicina, enfermagem,
farmácia e odontologia, entre outras. No ano passado, voltou ao patamar
de 2009 com cerca de 140 mil diplomas. Em 2012, a área havia computado
162 mil graduados.
Segundo o pesquisador Ronaldo Mota, secretário de ensino superior do MEC
entre 2007 e 2008, estudantes de medicina não costumam deixar o curso,
mas o processo é mais frequente em graduações como enfermagem,
fonoaudiologia e fisioterapia.
A área de educação já tinha apresentado redução de 6,37% no número de
graduados de 2011 para 2012. Em 2013, houve nova queda, desta vez de 10%
–de 223 mil diplomas para 201 mil.
"É preocupante. O Brasil não tem nenhuma possibilidade de
desenvolvimento sem um número de profissionais com curso superior muito
acima do que tem hoje. É um país não competitivo internacionalmente",
diz Mota, atual reitor da universidade particular Estácio de Sá.
GARGALO
O principal gargalo para a expansão da educação superior está na baixa qualidade do ensino médio, concordam especialistas.
Menos concorrida, a área de educação é a porta de entrada "mais fácil"
para estudantes com histórico escolar "frágil" e restrições
socioeconômicas, afirma Mozart Neves Ramos, integrante do Conselho
Nacional de Educação.
"Apesar do brilho nos olhos, os meninos chegam com muitas deficiências", diz.
Os cursos de licenciatura são, em geral, noturnos, permitindo o trabalho
durante o dia. Para Neves, ao enfrentarem dificuldades curriculares já
nos primeiros anos de faculdade, os alunos desistem.
PRIVADAS
Com 77% dos alunos formados, a rede privada liderou a baixa de diplomas,
com queda de 6,3% em relação a 2012. As instituições públicas tiveram
redução de 3,48%.
No ensino à distância, que formou cerca de 15% dos alunos no ensino
superior, ocorreu o oposto. Enquanto a rede pública entregou 34,5% menos
diplomas no ano passado, a privada manteve-se praticamente estável.
Fonte: Folha de São Paulo, em 13/10/2014.
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