Com o objetivo de prevenir anemia e controlar carências nutricionais na
infância, o Ministério da Saúde lançou nesta segunda-feira (2) o
NutriSUS, estratégia que distribuirá 435 mil sachês de vitaminas e
minerais para fortificar a alimentação ofertada em 128 creches do Estado
do Rio de Janeiro. A iniciativa irá beneficiar 7.264 crianças de 24
municípios fluminenses. Para participar da ação, o município deve ter
aderido ao Programa Saúde na Escola (PSE). As creches que recebem a
fortificação são escolhidas pelo gestor local. O Ministério da Saúde
investiu R$ 7,5 milhões na ação, que atenderá mais de 330 mil crianças
de 6.864 creches em 1.717 municípios por todo o país. Para 2015 está
previsto um investimento de R$ 12,5 milhões para a compra de 40 milhões
de sachês. A iniciativa é realizada em parceria com o Ministério do
Desenvolvimento Social (MDS).
A definição das creches que receberão a suplementação alimentar nessa
primeira fase do programa levou em consideração àquelas com mais de 95%
das crianças com idade entre 6 e 48 meses, municípios da região Norte e
Nordeste e creches dos municípios do Sul, Sudeste e Centro-Oeste com
mais de 110 crianças na faixa prioritária. O Nordeste será a região com o
maior número de creches participantes, contabilizando 4.393 unidades.
Em seguida vem a região Sudeste - com 1.233, a região Sul, com 599
unidades, e a região Norte com 353. A região Centro-Oeste terá 286
creches participando da iniciativa.
No Brasil, estima-se que uma em cada cinco crianças menores de cinco
anos apresentem anemia, sendo mais frequente em menores de dois anos. A
expectativa é que a suplementação alimentar reduza este índice. De
acordo com o Estudo Nacional de Fortificação da Alimentação Complementar
(ENFAC), realizado pelo Ministério em parceria com a USP, a
suplementação reduz em 38% os casos de anemia e em 20% a deficiência de
ferro após o uso do sachê em pó. A participação no programa é voluntária
e depende do interesse do gestor municipal em aderir à iniciativa.
“Para garantir o pleno desenvolvimento na infância é fundamental fazer
uma complementação com micronutrientes que permita o enfrentamento não
só da mortalidade, mas também das infecções, desnutrição e obesidade.
Por isso, é um grande desafio garantir uma alimentação saudável e
fortificada para as nossas crianças. Desta forma contribuímos para
termos crianças mais saudáveis”, avaliou o ministro da Saúde, Arthur
Chioro.
A estratégia já funciona como projeto piloto em 470 creches de 151
municípios e beneficia mais de 29 mil crianças. A falta de
micronutrientes nos primeiros anos de vida pode prejudicar o
desenvolvimento, causar doenças infecciosas e respiratórias, levar à
desnutrição e ate à morte, sobretudo nas populações com menor renda, que
tem menos acesso à alimentação balanceada. Uma alimentação equilibrada é
um dos fatores para garantir o crescimento e desenvolvimento saudável.
O sachê que será entregue para as creches é composto de 15
micronutrientes e é facilmente administrado, devendo ser adicionado uma
vez ao dia em uma das refeições oferecidas à criança. O suplemento não
altera o sabor do alimento, o que evita rejeição, é de fácil absorção
pelo organismo e não causa irritação gástrica. O consumo do sachê deve
ser feito durante 60 dias e ter uma pausa por quatro meses. O ciclo
deverá se repetir até a criança completar três anos e onze meses.
“Não estamos substituindo a merenda escolar de maneira alguma. A
fortificação não altera o sabor da comida servida na creche, ela apenas
complementa a alimentação diária, desta forma as crianças estão
ingerindo os micronutrientes de forma saudável”, esclareceu o ministro.
A estratégia está de acordo com a orientação da Organização Mundial da
Saúde (OMS) que recomenda a fortificação com múltiplos micronutrientes
para aumentar a ingestão de vitaminas e minerais em crianças.
Aproximadamente 50 países usam essa estratégia ou estão em fase de
implantação. A ação integra o Brasil Carinhoso, que compõe o Plano
Brasil Sem Miséria do governo federal.
INDÚSTRIA NACIONAL – Para a produção do sachê de micronutrientes no
mercado nacional, foi firmada uma Parceria para o Desenvolvimento
Produtivo (PDP) do grupo de laboratórios EMS/DSM/NPA com o Laboratório
Farmacêutico da Marinha do Brasil (LFM). A previsão é que a
transferência completa da tecnologia seja finalizada em cinco anos. O
primeiro lote do sachê produzido no Brasil começará a ser distribuído a
partir de 2015.
A PDP articula produtores públicos e privados para a internalização de
tecnologias estratégicas para o SUS, utilizando o poder de compra do
Estado para reduzir a vulnerabilidade do sistema, bem como ampliando o
acesso da população a medicamentos, vacinas, equipamentos e materiais
médicos. Atualmente, há 104 PDPs firmadas para produção de 66
medicamentos, 7 vacinas, 19 produtos para saúde e 5 projetos de pesquisa
e desenvolvimento (P&D).
SAÚDE NA ESCOLA - Criado em 2007 pelo governo federal, o Programa Saúde
na Escola (PSE) é uma parceria entre os ministérios da Saúde e da
Educação para promover a melhoria da qualidade de vida dos estudantes da
rede pública de Ensino.
Voltado à promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, o programa
prevê a ida de profissionais de saúde às escolas, de forma articulada
com as equipes de educação, para acompanhar as condições de saúde dos
estudantes e realizar ações de promoção de estilos de vida saudáveis.
Avaliação e orientação nutricional, incluindo o combate à desnutrição e à
obesidade infantil, fazem parte do Programa.
No ano passado, o PSE passou a incluir mais alunos de creches e
pré-escolas. Em 2013, foram disponibilizados R$ 39 milhões para
execução do PSE nos municípios.
Fonte: Agência Saúde, em 3/3/2015.
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