A educação, a formação e as melhorias das condições socioeconômicas das
famílias são essenciais para o êxito de qualquer campanha de combate à
violência contra a mulher no Timor-Leste, disse o
primeiro-ministro timorense, Rui Araújo.
Ele comentou resultados
- que considerou alarmantes - de um estudo recente da Asia Foundation,
que indica que quase 60% das mulheres timorenses foram alvo de violência
física ou sexual.
"Se a família, em termos econômicos, não tem
condições para providenciar uma vida melhor aos seus membros, é muito
fértil a violência e, até certo ponto, as pessoas pensam que essa
violência tem razão de ser, baseando-se nas circunstâncias difíceis que a
família enfrenta", explicou Araújo. Para ele, "as pessoas sentem-se
quase resignadas às circunstâncias difíceis em que vivem. E isso não
pode ser mudado de um dia para outro. Tem a ver com a educação, o
desenvolvimento socioeconômico de toda a sociedade e das famílias em
si".
Apesar de se manifestar preocupado com os dados e de
afirmar que o governo tem trabalhado para tentar solucionar o problema, o
primeiro-ministro lembrou que é preciso considerar o contexto em que os
dados foram recolhidos e a linguagem usada.
"Não estou
questionando a validade da metodologia, mas é preciso ver melhor o
contexto em que os dados foram recolhidos. Há uma questão muito
importante, a da linguagem utilizada nesse tipo de pesquisa, que também
faz diferença na interpretação", disse.
Entre os indicadores
preocupantes do estudo estão os dados sobre a percepção que os timorenses
têm dessa violência, já que dois terços das mulheres consideram que
devem aguentar violência dos maridos para manter a família junta e 81%
veem justificativa no fato de o companheiro lhes bater se não lhe
obedecerem ou cumprirem bem as tarefas domésticas.
A maioria das
mulheres (81%) e dos homens (79%) considera que um marido pode bater na
mulher em determinadas circunstâncias, "como quando ela lhe desobedece,
quando ela não completa satisfatoriamente o trabalho doméstico".
"Mudar isso é algo que só se conseguirá a médio e longo prazo. Não se
muda do dia para a noite. Tem a ver com a educação, com a criação de
condições para que as pessoas vivam realmente longe das circunstâncias
em que se possam tornar violentos", afirmou.
Fonte: Agência Brasil, em 4/7/2016.
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