É uma tragédia na educação pública brasileira anunciada desde o
golpe de 2016 que se traduz em redução de 32% nos investimentos e compromete o
futuro do país.
Apenas
entre 2017 e 2018 a queda em investimentos representou R$ 2 bilhões.
Que
país é esse que estão construindo em que a educação deixa de ser prioridade?
Esse
é o país governado por Michel Temer que está destruindo vários programas: um
exemplo é o Ciência sem Fronteiras, uma experiência bem-sucedida que promoveu o
desenvolvimento humano e acadêmico de milhões de jovens com estudos no
exterior.
Com
dotações orçamentárias superiores a R$ 5 bilhões em 2015, o programa foi
reduzido a pouco mais de R$ 193 milhões em 2017. Durante os governos petistas
foram concedidas 100 mil bolsas.
Os cortes de bolsas comprometem a formação de professores,
doutores e pesquisas científicas e consequentemente o amanhã do Brasil.
Esses
cortes já levaram 170 mil jovens a abandonar o ensino superior.
A
concessão da Bolsa-Permanência no Ensino Superior, que atende estudantes indígenas
e quilombolas, teve uma redução de R$ 11 milhões em 2018 em relação ao ano
anterior.
A
melhor herança que um país pode deixar para seus filhos é uma boa educação, mas
desde que o golpe parlamentar afastou a presidenta Dilma Rousseff está acontecendo
o inverso.
A
primeira iniciativa dos golpistas no Congresso foi aprovar a Emenda
Constitucional 95, a famigerada PEC do fim do mundo, ainda em 2016, que
congelou investimentos nas áreas de educação, saúde, assistência social e
segurança pública por 20 anos. Exatamente os itens que a população considera
fundamentais.
A
emenda determina que os gastos federais só poderão aumentar de acordo com a
inflação acumulada em 12 meses até o mês de junho do ano anterior. Dois anos
foram suficientes para surgir no horizonte o resultado dessa trágica decisão na
área educacional.
As
dotações da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior)
foram reduzidas praticamente à metade em relação ao montante de 2015. Dos R$
7,4 bilhões a R$ 3,9 bilhões em 2018. Os valores empenhados até agosto não
chegam a R$ 2 bilhões, o que gera apreensão junto à comunidade científica.
Com
os cortes de recursos, a EC 95 inviabiliza os avanços previstos no PNE (Plano
Nacional de Educação), uma das legislações mais avançadas do mundo que
estabelece, por exemplo, a aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na
área educacional em 2024. Atualmente esse percentual atinge 6%, mas nem esse
patamar é garantido para 2019 pelo governo.
As
metas de universalização da educação infantil, do ensino fundamental, da
expansão do ensino de jovens e adultos também estão comprometidas.
O
Apoio à manutenção da Educação Infantil perdeu R$ 20 milhões entre 2017 e 2018,
o que representa uma queda de 25%.
A
redução no apoio à construção e ampliação de escolas de ensino infantil foi
mais dramática: R$ 528 milhões ou 72%. Na concessão de bolsas a alfabetizadores
e coordenadores de turmas, a perda foi de R$ 58 milhões no mesmo período ou
49%.
A
queda nos recursos destinados a ações para a educação de jovens, adultos e
idosos foi ainda mais drástica, praticamente inviabilizando essa modalidade de
ensino. Dos R$ 160 milhões de 2017 restaram R$ 31 milhões neste ano.
Nesse
caso, o impacto atinge os 11,8 milhões de analfabetos, segundo relatório
divulgado pelo IBGE em 2016. Esses brasileiros representam 7,2% da população,
com mais de 15 anos, e superam o total de habitantes da Bélgica, que registrou
11.250.659 pessoas em 2015.
A lei, que define 20 metas de melhoria da educação em dez anos,
foi votada em 2014 durante o governo de Dilma Rousseff. Dois anos depois,
deputados e senadores fizeram exatamente o oposto, com a aprovação da Emenda
Constitucional que inviabiliza o cumprimento do PNE.
É
um crime o que estão fazendo com esse país. Estão tirando dos jovens, dos
pobres e priorizando os banqueiros.
A
única luz que visualizamos é a derrubada da EC 95. Nessa perspectiva,
apresentei às Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal a Proposta de
Emenda Constitucional nº 439/2018, que derruba todos os artigos incluídos pelo
texto anterior por representarem um atraso para o Brasil.
É
preciso que o eleitor esteja atento aos candidatos ao Parlamento e vote
naqueles comprometidos com a educação e a saúde, que defendam as áreas sociais,
para que futuras votações no Congresso não comprometam os direitos da
população.
Pedro Uczai é professor
e deputado federal (PT-SC)*.
Fonte: Viomundo em 23/08/2018.
* Articulando esclarece que o conteúdo e opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a opinião do coletivo de educadores.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirTEMER é o PT e PT é o TEMER. Não se esqueçam disso. 4 mandatos de aliança com o MDB, duas eleições do TEMER e agora fingem que nada tem a ver com nada. Sei. Por essas e outras que devemos votar em BOLSONARO 2018! Chega de roubalheira!!!
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