sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Crise na Capes desvela mais que problemas na Educação brasileira

Está por trás dessa conjuntura no órgão o desejo de abrir mais cursos superiores, a fim de beneficiar o setor privado de educação no País.

Primeiro foi a crise no Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que revelou interferência do governo nos conteúdos do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), inclusive com pedidos de exonerações pelos organizadores do Exame Nacional.

Agora é a crise na Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), órgão do MEC (Ministério da Educação) responsável por fiscalizar os cursos de mestrado, doutorado e pós-doutorado do Brasil. Inclusive, com debandada de, até o momento, 80 pesquisadores.

A crise começou na quarta-feira (24/11), quando 3 coordenadores de física renunciaram e os 18 consultores da área, em apoio, também entregaram as respectivas funções. Na última segunda-feira (29) foram 52 do grupo de matemática. Nesta quarta-feira (1º), outros 28, da química, se somaram.

Eles acusam a presidência da entidade de fazer pressão pela aprovação de novos cursos, incluindo EaD (Educação à Distância), o que beneficiaria especialmente o setor privado.

Ao mesmo tempo, a Capes, presidida por Cláudia Mansani Queda de Toledo, não se esmera em destravar na Justiça ação que questiona os métodos de avaliar cursos já existentes. Para eles (os pesquisadores), é preciso primeiro avaliar e, com base nestes resultados, aprovar novos cursos. Para a Capes, porém, as ações não estão interligadas, o que abriu uma zona de conflitos no órgão ligado ao Ministério.

Como se vê, está por trás da crise no órgão o desejo de abrir mais cursos superiores, a fim de beneficiar o setor, riquíssimo, diga-se de passagem, privado de educação. Nada poderia ser pior, pois a qualidade do ensino público brasileiro foi de mal a pior. E o setor privado, objetivamente, não está preocupado com esse grave desvio.

Essa movimentação do governo Bolsonaro, com o mandalete dele no MEC, o pastor Milton Ribeiro, desvela, portanto, grave descompromisso com a Educação no País, encoberto por interesses privados inconfessos.

A Contee se soma a todos aqueles que lutam por educação de qualidade no País e contra o atual governo que sucateia, mais ainda, este relevante segmento da sociedade brasileira, que se bem gestionado pode ajudar o Brasil na transição de país em desenvolvimento para país desenvolvido, com inclusão social, melhor distribuição de renda e justiça social.

Brasília, 2 de dezembro de 2021.

Diretoria da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino

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