sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Crescimento do EAD no Ensino Superior do Brasil tem falhas

Pesquisadores apontaram deficiências de vários cursos 

O anúncio feito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), de que seis de cada 10 ingressantes do ensino superior em 2021 entraram em cursos à distância (EAD,) e de que número de calouros em graduações presenciais caiu 28%, em comparação a 2019, último ano antes da pandemia, já tinha sido apontado pelo SoU_Ciência em pesquisa divulgada no painel “ Expansão do ensino superior privado”, em julho deste ano.

O Painel teve como um de seus objetivos analisar como se deu a expansão do ensino superior privado no país entre os anos de 2000 a 2020, quando as matrículas saltaram de 1,81 para 6,72 milhões. As análises dos pesquisadores do SoU_Ciência evidenciaram processos avançados de mercantilização e de cartelização da educação superior privada no país, com base nas políticas de expansão implementadas desde meados dos anos de 1990.

De acordo com os pesquisadores, parte importante do ensino superior mostra-se colonizado pelos interesses dos mercados e alheio aos propósitos de formação e de produção de conhecimento, ciência e tecnologia que beneficiem o desenvolvimento social, cultural e econômico do Brasil.

"No painel mostramos que o crescimento exponencial do número de alunos de EaD ocorreu a partir de 2016, principalmente em instituições privadas. Isso é muito preocupante, pois no Exame Nacional do Desempenho do Estudante (Enade), que é a ferramenta oficial do MEC para avaliar a qualidade da formação oferecida, os resultados obtidos por esses cursos são muito baixos. Um triste exemplo é o curso de Pedagogia, que forma professores para crianças: mais de 60% dos ingressantes em 2021 se matricularam em cursos EaD. No Enade, 88% dos participantes dos cursos EaD de Pedagogia se formaram em cursos com conceito Enade 1 ou 2 em uma escala de 5 pontos. Essa situação é similar para outras carreiras. Por isso, é preciso que o governo federal aja rigorosamente para controlar essa tragédia e invista seriamente na formação de profissionais aptos a atuar de forma competente junto à sociedade brasileira”, explica a professora e pesquisadora do SoU_Ciência, Maria Angelica Minhoto.

De acordo com o Inep, órgão do Ministério da Educação e Cultura (MEC). A redução de ingresso em cursos presenciais e o crescimento do EAD é tendência que ocorre desde 2014 e foi acentuada com a crise da covid-19. Na pandemia, o ingresso na modalidade a distância cresceu 55,6%. Em uma década, a alta é de 474%.

Segundo Vandir Chalegra Cassiano, chefe de gabinete da Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres) do ministério, a secretaria acompanha o cenário com cuidado e está preocupada com a qualidade de ensino. "Temos instituições que anunciam cursos de EAD a um valor de R$ 59,90, uma mensalidade muito baixa", destacou em recentes entrevistas à mídia.

Ele também informou que a secretaria está com um projeto de supervisão desses polos e desses cursos para medir essa qualidade e dar tratamento adequado para que a sociedade não venha a ser prejudicada.

“Para o bem da Educação Superior e de nossos estudantes, esperamos mesmo que a Seres trate esta questão de forma prioritária”, declarou a professora Maria Angelica Minhoto.

Fonte: Assessoria de Imprensa SoU_Ciência/Unifesp. Ex-Libris Comunicação Integrada

Andreia Constâncio (24) 99857-1818 -- andreia@libris.com.br

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