sábado, 6 de junho de 2020

Morre Carlos Lessa um dos maiores economistas do Brasil

O economista e ex-presidente do BNDES Carlos Lessa morreu nesta sexta-feira, aos 83 anos, no Hospital Copa Star, onde estava internado por causa de uma pneumonia em decorrência do coronavírus. Ele deixa três filhos e netos. A informação, publicada pelo jornal "O Globo", foi confirmada pelo filho Rodrigo, em publicação no seu Facebook. "Meu amado pai foi hoje às 5h da manhã descansar. A tristeza é enorme. Seu último ano de vida foi de muito sofrimento e provação. O legado que ele deixou não foi pequeno. Foi um exemplo de amor incondicional pelo Brasil, coerência e honestidade intelectual, espírito público, um professor como poucos e uma alma generosa que sempre ajudou a todos que podia quando estava a seu alcance, um grande amigo. Que descanse em paz. Aos que tem afeição por ele, comunicaremos uma cerimônia virtual em função da pandemia".

Nascido no Rio de Janeiro em 30 de julho de 1936, Carlos Francisco Theodoro Machado Ribeiro de Lessa formou-se em Ciências Econômicas pela antiga Universidade do Brasil em 1959. Fez Mestrado em Análise Econômica pelo Conselho Nacional de Economia em 1960; e Doutorado no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp em 1976.

Foi também professor no Instituto Rio Branco do Itamaraty entre 1961 e 1964. Ministrou cursos na Cepal e no Ilpes da ONU (1962-1968), no Instituto para Integração da América Latina (1966-1969), na Universidade do Chile (1967), na Unicamp (1979-1994) e da Faculdade de Economia da Universidade Federal Fluminense, entre outras.

Exilado no Chile após o golpe de 1964, retornou pouco antes do AI-5 e ajudou a fundar o Instituto de Economia da Unicamp.

Lessa era professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro desde 1978, tendo sido eleito em 2002 reitor da instituição com resultado consagrador: 85% dos votos dos 13.453 eleitores, entre professores, funcionários e alunos. Ainda segundo o jornal "O Globo", "pesquisador apaixonado pelo Rio, desenvolvimentista, político, amante da cultura popular, Lessa misturava cultura e economia, arte popular e educação. Apesar de apenas seis meses no cargo, deixou uma herança cultural. Criou o bloco Minerva Assanhada, nome escolhido por ele por ser a deusa da sabedoria o símbolo da UFRJ: 'A UFRJ é um celeiro de talentos, mas a cidade nem percebe que ela existe. Eu pensei: como a universidade pode se mostrar à cidade? No seu melhor momento que é o Carnaval'."

A UFRJ vai decretar ainda hoje luto oficial pela morte de Lessa.

Nacionalista e progressista, Carlos Lessa foi presidente do Conselho Editorial do MONITOR MERCANTIL, função que deixou para assumir a Presidência do BNDES, em 2003, no Governo Lula, cargo em que ficou até o ano seguinte.

Para o ex-secretário de educação do Rio e ex-presidente da Cedae e atual diretor-geral da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro Wagner Victer, amigo pessoal, Lessa foi "um grande brasileiro com passagens marcantes pela UFRJ e BNDES. Era tão genial que nas suas ações para o bem últimas décadas se tornou o mais efetivo investidor de restauração de espaços históricos abandonados da cidade. Realmente me orgulho de ter convivido e aprendido tanto com ele e fico muito triste com a passagem dele! Que Deus te ilumine eterno, professor Lessa! Você foi um dos "Mestres Yodas" que tive na minha vida.


Fonte: Monitor Mercantil em 05/06/2020.

Nenhum comentário:

Postar um comentário