A adesão é
meio envergonhada. Os alunos da universidade paulista não serão
obrigados a fazer o exame, ao contrário dos de outras instituições, e os
resultados obtidos permanecerão secretos nos primeiros
anos. Essa foi, imagino, a fórmula encontrada para vencer as
resistências internas, que não eram poucas nem despropositadas.
De um modo
geral, o Inep, o órgão vinculado ao MEC responsável por avaliações e
pesquisas educacionais, faz um trabalho de alto nível e conseguiu, desde
que foi reformulado em meados dos anos 90, transformar
o Brasil de um deserto de estatísticas pedagógicas num país que tem
números para tudo. O fato de não sermos capazes de usar essas
informações para fazer o sistema funcionar direito é um outro problema.
Isso dito, é
importante frisar as falhas do Enade. A mais grave é que o aluno tem
pouco ou nenhum compromisso com a avaliação. Sua obrigação é comparecer
ao local da prova, mas não fazê-la com seriedade.
Não raro os formandos combinam entre si de boicotar o exame, por razões
ideológicas ou para pressionar a direção de suas escolas. Essa
dificuldade poderia ser minorada se o desempenho de cada aluno nesse
teste fosse gravado em seu diploma.
Outro problema
grave é o caráter trienal da avaliação. Algumas faculdades manipulam o
ritmo de aprovação de seus alunos de modo a assegurar que os piores
nunca se formem nos anos em que a instituição
é avaliada e, assim, não precisem fazer a prova. O remédio aqui seria
tornar o exame anual, em que pese triplicar os custos e criar
dificuldades logísticas. Como dizia o economista Milton Friedman, não há
almoço grátis.
Fonte: Folha de São Paulo, em 9/8/2013.
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