O relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a
gestão fraudulenta, enriquecimento ilícito e desvios de recursos
públicos - entre outras denúncias - em universidades particulares
seguirá para os Ministério Público Federal com mais um nome na lista de
possíveis indiciados: Adenor Gonçalves dos Santos, presidente do
Conselho Administrativo do Grupo Galileo Educacional. A inclusão foi
possível pela aprovação, por unanimidade, de destaque do deputado Luiz
Martins (PDT), que justificou o acréscimo em plenário. “A CPI foi
concluída em maio e ele havia assumido recentemente. Na época, ele
enviou um documento assumindo compromissos que não cumpriu. Por isso
considerei necessária a inclusão de seu nome”, justificou o parlamentar,
que foi vice-presidente da CPI.
Dois outros destaques ao relatório foram retirados. Eles buscavam
excluir sugestões de indiciamento e foram alvo de críticas de estudantes
que acompanhavam a sessão nas galerias. Antes de iniciar a votação, o
presidente da Alerj, deputado Paulo Melo (PMDB) recebeu parte do grupo,
junto aos autores dos destaques e membros da CPI.
O documento, que já havia sido aprovado, na última semana, restando
apenas a apreciação dos destaques, segue agora para o MPF, para o
Congresso Nacional - que poderá dar início a investigação semelhante -,
ao Ministério Público estadual, ao Conselho Nacional de Justiça, ao
Ministério de Educação, entre outros. Ele foi elaborado pelo relator
Robson Leite (PT) com dados colhidos pelo trabalho de investigação
conduzido pelo deputado Paulo Ramos (sem partido), que presidiu o grupo.
Também participaram da CPI os deputados Edson Albertassi (PMDB), Flávio
Bolsonaro (PP) e teve como suplentes os deputados André Ceciliano (PT) e
Claise Maria (PSD).
Relembre o caso
A partir de denúncias dos Sindicatos dos Professores e dos Auxiliares de Administração
Escolar o deputado Paulo Ramos requereu à
Alerj a criação da CPI, instalada em junho de 2012. Até seu
encerramento, em abril deste ano, foram realizadas 17 reuniões
ordinárias e três extraordinárias, além das sessões de instalação e
encerramento. Foram expedidos dezenas de ofícios e 23 editais de
convocação.
Os demais possíveis indiciados junto ao MPF que constam do texto
aprovado pela CPI são: Candido Mendes e Alexandre Kazé, da Universidade
Candido Mendes (Ucam); Márcio André Mendes Costa, que atuou como
controlador do Grupo Galileo – que administra as universidades Gama
Filho e UniverCidade – entre 2010 e 2012; Rui Muniz, da Universidade
Santa Úrsula; e Igor Xavier e Rodrigo Calvo Galindo, do Grupo Kroton,
que administrava a Sociedade Unificada de Ensino Superior e Cultura
(Suesc). Dentre os encaminhamentos do documento, estão a intervenção
imediata do Governo Federal na UniverCidade e na Universidade Gama
Filho, a não participação de instituições com problemas trabalhistas nos
programas de bolsas públicos, a implementação de um tributo específico
para a criação de um fundo de pesquisa para o ensino à distância e a
proibição de sociedades anônimas serem mantenedoras de universidades.
Principais denúncias do relatório
- Atrasos e falta de pagamentos aos funcionários, assim como imposto sindical, INSS e FGTS;
- Ensino à distância – suspeita de fraude e venda de diplomas e ausência de regulamentação por parte da Câmara Federal;
- Grupos estrangeiros e sociedades anônimas comandando as universidades privadas no estado do Rio;
- Irregularidades em relatórios financeiros;
- Sistemas de bolsas, como o Financiamento Estudantil (Fies) e o
Programa Universidade para Todos (Prouni), conferidos a instituições com
conceitos baixos pela avaliação do Ministério da Educação;
- Aumento abusivo da mensalidade em 64 instituições;
- Convênios com prefeituras sem licitações públicas.
Fonte: ASCOM da ALERJ, em 28/8/2013.
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