Alunos do 3º ano do ensino médio do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) descobriram um extrato vegetal
com alta eficiência como larvicida contra o Aedes aegypti, mosquito
transmissor da dengue. O projeto começou a ser desenvolvido em 2013 na
Coordenação de Ciências da instituição pela professora e bióloga Rosiane
Leite, que orienta estudantes da educação profissional dentro de um
programa de iniciação científica júnior.
No Brasil, existem muitas linhas de pesquisas para o combate à dengue,
desde vacinas, odores, mosquitos transgênicos e seleção de extratos de
plantas. Entretanto, o extrato da espécie Miconia sp. nunca havia sido
testado para esse fim.
Há muitas espécies do gênero Miconia por todo o país, com nomes
populares pouco conhecidos. A professora explica que, durante seu
mestrado, estudou a interação das formigas com essa planta e que ela é
mais conhecida entre os ecólogos, pois fornece frutos para os pássaros
durante o ano todo.
Os alunos Bárbara Freitas e Gabriel Batista, que fazem curso técnico em
construção civil, desenvolveram o extrato após vários testes, com o
incentivo da professora e dos amigos. Rosiane Leite conta que comprou
algumas vidrarias do próprio bolso e pediu a ajuda de familiares para
comprar o álcool necessário aos testes, por causa do limite por pessoa
para adquirir o produto.
Outro desafio foi conseguir as larvas do Aedes aegypti. Eles acabaram
indo a campo e recolheram larvas pela vizinhança, conta a professora,
explicando que houve dificuldade em fazer a seleção devido às diferentes
espécies e estágios das larvas encontradas.
Com a apresentação do projeto na Mostra Específica de Trabalhos e
Aplicações do Cefet-MG, em 2013, o professor Fabiano Duarte Carvalho, da
Fundação Oswaldo Cruz, propôs uma parceria e forneceu larvas
específicas para os testes. Além disso, em agosto, Carvalho dará um
treinamento para que os alunos possam criar suas próprias larvas.
Segundo a professora, será possível refazer os testes para a comprovação
da eficácia do larvicida e então publicar o trabalho. “A dengue é uma
preocupação bem antiga. Como educadora, sempre procuro mostrar a
importância de não deixar água parada. Mesmo sendo escola básica, ainda é
possível buscar soluções para minimizar os problemas, mesmo que seja em
âmbito local”, disse Rosiane Leite.
No início deste ano, o projeto foi selecionado para participar da Feira
Brasileira de Ciências e Engenharia, que ocorreu em março, e foi
premiado com a quarta colocação entre 40 projetos da área de biologia.
Fonte: Agência Brasil, em 11/6/2014.
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