O nível de ocupação das mulheres tem relação direta com a frequência de
seus filhos a creches no país. Segundo estudo do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), com base em dados do Censo 2010, das
mulheres que tinham filhos de até 3 anos em creche, 64% tinham emprego.
Entre as mulheres com filhos que não frequentavam creche, o percentual
era 41,2%.
“Com essas crianças matriculadas em creche, as mulheres conseguem ter
uma participação mais efetiva no mercado de trabalho. O suporte de
oferta de creches e escolas em tempo integral é fundamental para
permitir que as mulheres consigam conciliar maternidade e estudo,
ingressando no mercado de trabalho mais escolarizadas e tendo uma
inserção mais qualificada no mercado de trabalho”, disse Bárbaro Cobo,
coordenadora da pesquisa.
A pesquisa do IBGE, divulgada no final de outubro, mostra que, mesmo mais
escolarizadas, as mulheres ainda recebem, em média, apenas 68% do que
ganham os homens. Para a professora de Economia da Universidade Federal
Fluminense (UFF) Hildete Melo, as creches são fundamentais para que as
mulheres busquem a igualdade de condições com os homens no mercado de
trabalho.
“Nós estamos ainda engatinhando nas creches. A gente tem uma cobertura
só de 23% das crianças até 3 anos. Essas estatísticas de gênero do IBGE
mostram que é vital essa questão para que homens e mulheres vivam mais
felizes na sociedade”, disse Hildete.
A pesquisa do IBGE também que as mulheres buscam carreiras
universitárias que têm a menor média de rendimento: educação e
humanidades/artes. Essas carreiras têm proporções de mulheres,
respectivamente, 83% e 74,2% entre o total de formados.
Segundo Hildete, por influência da sociedade, as mulheres tendem a
buscar essas carreiras. “Nós somos educadas para ser cuidadoras. E isso
permanece como uma marca pesada quando você olha os dados de
rendimento.”
A subsecretária de Articulação Institucional da Secretaria de Políticas
para as Mulheres da Presidência da República, Vera Lúcia Soares, o
governo tem buscado incentivas as mulheres a buscar carreiras que
propiciem rendas mais elevadas.
“Há um programa de incentivo para as mulheres fazerem carreiras
científicas, técnicas, tecnológicas. Elas estão muito concentradas em
áreas como pedagogia. O IBGE está mostrando que essas são as áreas onde
o salário é menor”, disse.
De acordo com a subsecretária, a pesquisa do IBGE, que também traz dados
municipais sobre a situação da mulher no mercado de trabalho e
educação, será importante para gestores locais programarem suas
políticas de governo.
Fonte: Agência Brasil, em 31/10/2014.
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