Pouco mais de um terço – 37,4% – dos estudantes de ensino superior
participam de programas de iniciação científica no Brasil e, desses,
74,2% consideram que eles oferecem grande contribuição à formação do
aluno. Os dados fazem parte do estudo Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior do Estado de São
Paulo (Semesp), que será divulgado no dia 28/11, no 14º Congresso Nacional
de Iniciação Científica.
A pesquisa foi baseada nas respostas dadas pelos concluintes de cursos e
participantes do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) no
período de 2010 a 2012. O levantamento traça um perfil dos estudantes
que participam de programas de iniciação científica. Eles são
majoritariamente brancos, grande parte tem renda familiar até 4,5
salários mínimos e mais da metade são filhos de pais com formação até o
ensino médio.
Para o diretor executivo do Semesp, Rodrigo Capelato, o índice ainda
está aquém do desejável. “A iniciação científica tem papéis muito
importantes. Um deles é o de estimular um caminho ainda pouco
desenvolvido no Brasil, que é a carreira acadêmica – faz o aluno pegar
gosto pela pesquisa e precisamos de pesquisadores no país”, diz.
Além disso, segundo Capelato, ajuda a reduzir o nível de evasão, quando a
teoria começa a fazer sentido, quando o estudante faz pesquisa de
campo, de laboratório. Ele acrescenta que a iniciação permite uma
integração com a comunidade e o enfrentamento de problemas locais.
Dos participantes, 77,6% estão matriculados em instituições privadas e
22,4%, em públicas, percentuais semelhantes às matrículas em cada um dos
sistemas de ensino. Cerca de 61,6% dos estudantes – pesquisadores na
rede privada – e 59% na rede pública são brancos. Mulatos e negros,
seguindo a classificação do estudo, somam 36% na rede privada e 38,1% na
pública. De acordo com o estudo, a expectativa é que, com a política de
cotas nas instituições públicas, o índice de negros aumente.
Praticamente a metade dos alunos que participam de programas de
iniciação científica, tanto na rede privada quanto na rede pública, tem
renda familiar até 4,5 salários mínimos. A faixa de renda familiar em
que há maior concentração de alunos fica em torno de 1,5 a 3 salários
mínimos, sendo 26,1% na rede privada e 24,6% na pública. Em segundo
lugar vem a faixa de 3 a 4,5 salários mínimos, 21,6% na rede privada e
17,9% na pública.
No estado de São Paulo, detalhado no estudo, 59,6% são filhos de pais
que têm o ensino médio completo. “Isso mostra que além de ser a primeira
geração a ingressar no ensino superior, os estudantes estão ainda na
iniciação científica, imagina o quanto isso pode transformar uma
realidade. Historicamente, esse aluno nem chegaria ao ensino superior”,
diz Capelato.
Na rede privada, 39,4% disseram receber algum tipo de bolsa de estudo ou
financiamento para custear as mensalidades do curso. A maioria deles,
29,3%, recebe auxílio oferecido pela própria instituição de ensino
superior. Um total de 16,1% é formado por bolsistas integrais do
Programa Universidade para Todos (ProUni), 14,7% recebem outro tipo de
bolsa oferecida pelo governo estadual, distrital ou municipal e 13,4%
têm o Fundo de Financiamento Estudantil, o Fies.
Em relação aos cursos, o de administração (17,3%) foi o que apresentou o
maior número de alunos de iniciação científica na rede privada, seguido
das carreiras de direito (12%), pedagogia (10,3%), enfermagem (6,1%) e
ciências contábeis (5,7%). Na rede pública, o curso de pedagogia foi o
mais procurado (9,8%), seguido dos de biologia (7,1%), letras (6,1%),
medicina (4,8%) e administração (4,5%).
Fonte: Agência Brasil, em 28/11/2014.
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