Utilizar a tecnologia para auxiliar o ensino dentro da sala de aula já é
visto como algo bom por 92% dos professores brasileiros. Mesmo
percentual, considera positiva a capacitação profissional para a
aplicação dessas tecnologias em sala, segundo pesquisa realizada pela
Fundação Lemann. De acordo com os dados divulgados, os professores, em
sua maioria, consideram positivo o uso de recursos tecnológicos e
defendem a formação para melhorar o trabalho em sala de aula. No
entanto, a TIC Educação, divulgada em 2013 pelo Comitê Gestor da
Internet no Brasil – entidade oficial que coordena serviços da web no
país - mostrou que apenas 2% dos professores brasileiros usam a
tecnologia como suporte em sala de aula.
O Brasil tem 190 mil escolas de ensino básico, das quais 150 mil são
públicas. Já foi constatado que o número de computadores nas escolas
públicas é insuficiente, além do que, eles costumam ser instalados em
locais inadequados ao uso pedagógico e a conexão à internet tem baixa
velocidade. De acordo com o Censo da Educação Básica de 2013, realizado
anualmente pelo Ministério da Educação, 48% das unidades públicas ainda
não têm computadores para uso discente; 50,3% têm acesso à internet e há
um computador para cada 34 alunos. A banda larga está presente em 40,7%
das unidades. Além disso, falta capacitação aos professores para usar
pedagogicamente as tecnologias dentro da sala de aula.
Como já falei diversas vezes em outros artigos, acredito que para falar a
mesma língua das crianças e adolescentes, os educadores precisam saber
explorar o potencial dos novos recursos tecnológicos. Porém, os números
mostram que a tecnologia ainda não faz parte da escola pública no país.
Os principais obstáculos são o precário acesso a equipamentos e a falta
de um olhar específico para a tecnologia nas políticas de formação de
professores.
Existem escolas com infraestrutura básica extremamente ruim, sem energia
elétrica, por exemplo, o que impossibilita o uso de aparelhos
eletrônicos. Além disso, o uso das novas tecnologias no ensino ainda é
pouco abordado nos cursos de pedagogia e licenciaturas. Apenas 44% dos
professores entrevistados no estudo do Cetic.br cursaram alguma
disciplina sobre uso do computador e internet na graduação.
Na tentativa de levar as tecnologias digitais para as escolas públicas, o
Ministério de Educação e Cultura (MEC) até criou projetos, como o
Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo), que leva
computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais às escolas, o
projeto Um Computador por Aluno (UCA), que distribui netbooks para os
estudantes e, mais recentemente, a distribuição de tablets para os
professores do ensino médio. Para promover o acesso à internet há ainda o
Programa Banda Larga nas Escolas (PBLE) e outras ações, como o Programa
Nacional de Formação Continuada em Tecnologia Educacional (ProInfo
Integrado), que orientam os educadores sobre o uso dessas tecnologias.
Os projetos podem até estar na direção certa, mas é fato que a qualidade
e a quantidade de recursos para que eles alcancem bons resultados ainda
são insuficientes. O governo federal reforça a necessidade das escolas
estarem conectadas e das tecnologias pedagógicas serem disseminadas na
rede pública de ensino. A ideia é boa, mas de nada vão adiantar bons
projetos, se ainda faltam investimentos em infraestrutura e suporte
técnico.
* Por Marcos Abellón, diretor geral da W5 Solutions que criou o Q2L -
ferramenta multiplataforma de aprendizado, que utiliza conceitos de
gamification para apresentar seu conteúdo ao aluno/jogador e tem
disponível: os idiomas inglês e espanhol, além das disciplinas do Ensino
Médio. Mais informações em: www.q2l.com.br
* Articulando esclarece que o conteúdo e
opiniões expressas nos artigos assinados são de responsabilidade do
autor e não refletem necessariamente a opinião do coletivo de
educadores.
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