O Brasil passou a fazer parte do pequeno grupo de países que busca novas
aplicações industriais para criar ou aperfeiçoar manufaturados, a
partir de um recurso mineral descoberto há apenas 9 anos: o grafeno.
O mineral é uma espécie de lâmina do grafite, um cristal atômico
bidimensional constituído de átomos de carbono em formato hexagonal, que
foi isolado, pela primeira vez, em 2004, pelos russos Andre Geim e
Konstantin Novoselov, ganhadores do prêmio Nobel de Física em 2010.
Os estudos ganharam destaque na semana passada com a inauguração do
Centro de Pesquisas Avançadas em Grafeno, Nanomateriais e
Nanotecnologias, o primeiro do gênero na América Latina.
Instalada no campus Higienópolis da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, em São Paulo, a estrutura física ocupa 4 mil metros
quadrados, distribuídos em um prédio de sete andares e mais dois pisos
no subsolo, somando investimento de R$ 100 milhões.
Segundo o
físico Christiano Matos, os trabalhos serão feitos por uma equipe de 130
pessoas e por meio de parcerias com a Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e
Tecnológico. Haverá participação também de cientistas chineses.
Matos informou que existem várias empresas, principalmente dos setores
de telecomunicações e de energia, interessadas nos resultados que podem
ser alcançados. "Nossa esperança é que não se perca essa oportunidade de
buscar conhecimentos em benefício da sociedade", disse ele.
O
físico elenca três pontos das pesquisas: a fotônica - tecnologia do uso
da luz, principalmente fibras óticas; da energia (armazenamento da
energia em baterias e supercapacitores, na obtenção de celulares mais
leves e compactos); e materiais como polímeros mais eficientes.
Apontado como um excelente condutor de energia e extremamente
resistente, o grafeno poderá ser aplicado em produtos como plástico ou
látex, televisão e smartphone, com displays flexíveis entre outros.
Poderão ser criados aplicativos nos segmentos automotivo, aeronáutico e
esportivo.
Segundo a Universidade Mackenzie, existem projeções
de que essa tecnologia possa ser aplicada em um mercado de algo em torno
de US$ 1 trilhão nos próximos dez anos.
Entre os países que
usam as propriedades do grafeno estão a China, onde foram registradas
2.204 patentes; os Estados Unidos, com 1.754, e a Coreia do Sul, com
1.160.
Dados da universidade mostram que a produção mundial de
grafeno natural em 2013 foi 1,1 milhão de toneladas. A maior parte
(70,4%) refere-se à produção na China, seguida pela Índia, Coreia do
Norte e do Brasil e Canadá.
Há o registro de produção em quantidade menor na Rússia, Turquia, México, Noruega, Romênia, Ucrânia, Madagascar e Sri Lanka.
O Brasil ocupa a terceira posição no ranking mundial e as reservas
minerais estão localizadas em Minas Gerais, no Ceará e na Bahia. O total
do minério beneficiado, em 2013, alcançou 91.908 toneladas de minério.
Fonte: Agência Brasil, em 7/3/2016.
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