As mulheres são maioria entre os doutores brasileiros titulados no
exterior em 2014 - mais de 60%, de acordo com estudo divulgado pelo
Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). No entanto, as doutoras
ainda estão em desvantagem em relação aos homens - ganham, em média
16,5% a menos. Enquanto 71,4% dos doutores estão empregados, entre as
doutoras, esse índice cai para 48,82%.
O estudo mostra que no
Brasil há 14.173 doutores titulados no exterior entre 1970 e 2014. Desse
total, 8.357, ou 59%, são homens e, 5,786, ou seja, 41%, são mulheres.
Até 2011, os homens eram os que mais saíam do Brasil para obter a
titulação. Em 1970, apenas 12 mulheres haviam se titulado no exterior,
enquanto os homens eram 29. A partir de 2012, esse cenário muda, e as
mulheres doutoras ultrapassam os homens. Em 2014, 464 mulheres fizeram o
doutorado fora, os homens com a mesma titulação eram 291.
"Isso
coincide com a condução da mulher no mercado de trabalho. Nesse
período, a maternidade deixou de ser a coisa mais importante, porque
para fazer um doutorado pleno no exterior é preciso se ausentar por um
tempo maior. No início, iam menos mulheres, mas isso vai mudando, e em
2012 a tendência se inverte e deverá se manter", diz o consultor do CGEE
Cláudio Cavalcanti Ribeiro.
Quanto à renda, no entanto, os
dados de 2014 mostram que as doutoras formadas no exterior ganham em
média R$ 15.239,12, enquanto os homens com a mesma titulação recebem em
média, por mês, R$ 18.250,49. Eles também estão mais presentes no
mercado formal. De acordo com os dados de 2014, os últimos disponíveis,
2.825 mulheres e 5.988 homens estão empregados. Os dados consideram o
total de doutores no país, formados desde 1970.
A diferença se
dá, segundo a assessora técnica do CGEE Sofia Daher, entre outros
fatores, pela posição ocupada pelas mulheres. "Uma das coisas que talvez
explique a remuneração é o tipo de ocupação. Dirigentes, membros
superiores de instituições costumam ter remuneração maior e há menos
mulheres nessas posições", diz.
O Estudo sobre
os Doutores Titulados no Exterior: expansão da base de doutores no
exterior e novas análises (1970-2014) foi apresentado pela primeira vez
nessa terça-feira (29) a um grupo de especialistas e jornalistas. O
objetivo é traçar um perfil dos doutores formados integralmente fora do
país.
"Independentemente do crescimento e da maturidade da
pós-graduação brasileira, não podemos deixar de formar pessoas no
exterior de jeito nenhum. Existem áreas em que o Brasil não está com
competência instalada. Além disso, é bom mandar gente para países que
tenham visões e linhas de pesquisa diferentes a fim de formar
pesquisadores brasileiros com ideias e visões diferentes", afirma
Cláudio Ribeiro.
O estudo mostra que os doutores titulados no
exterior são mais valorizados pelo mercado brasileiro. Eles ganham em
média R$ 17.284,40. Os doutores formados no Brasil têm, por sua vez, uma
remuneração média de R$ 13.860,86. A maioria dos que se titularam fora é
empregada pela administração pública federal (53%) e estadual (18%).
Atua no setor da educação (78%), na administração pública (9%),
atividades profissionais, científicas e técnicas (6%), além de outros
setores.
Formações nos Estados Unidos ou na Grã-Bretanha são
mais valorizadas do que na Itália ou Argentina, por exemplo. Os doutores
formados nos dois primeiros países ganham mais, em média.
Mais doutores
Segundo os pesquisadores, é necessário qualificar a formação de
doutores. Uma vez que manter um pesquisador fora durante todo o
doutorado custa caro, é necessário qualificar essa formação,
direcionando as áreas e as universidades.
Na publicação, o
Ciência sem Fronteiras (CsF) é citado como um dos principais programas
que oferecem doutorado pleno. O programa financia mais de 3,3 mil
doutorados plenos no exterior. Esses doutores não foram considerados no
estudo por ainda não estarem titulados.
"O CsF fez um esforço de
radicalizar a formação no exterior. Ele trabalha em vários níveis, não é
um programa só de doutores. Eu acho que ele levou a um ponto único a
discussão da política pública brasileira de formação, ao entendimento de
que é preciso que o intercâmbio no exterior se generalize, se
intensifique", diz o diretor do CGEE, Antonio Carlos Galvão.
Fonte: Agência Brasil, em 30/3/2016.
Seria interessante o sindicato detalhar a pesquisa com dados sobre faixa etária,porque a idade está fazendo perder oportunidades.Sou doutorada há anos,sem conseguir fazer pós-doutoramento com bolsa,que dirá um segundo doutorado...quanto ao desemprego,há anos enfrento tal condição.(prof.Dra.Angeli Rose)
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