Pesquisa divulgada no final de Setembro, pelo Instituto Inspirare, mostra os jovens
não estão satisfeitos com o sistema de ensino brasileiro, o que envolve
aulas e material pedagógico.
“Os alunos demonstram claramente que
não estão felizes com a forma como o ensino e a aprendizagem ocorrem",
diz Anna Penido, diretora do instituto. De acordo com Anna, os alunos
reclamam da inadequação das aulas e do material didático e afirmam que
as relações entre eles e entre eles e os professores "não é legal”.
Feita
em parceria entre o portal Porvir, programa especializado em inovações
educacionais do Instituto Inspirare, e a Rede Conhecimento Social, a
pesquisa Nossa Escola em (Re)Construção mostra que um em cada 10 jovens
que responderam ao questionário está satisfeito com as aulas e o
material pedagógico.
Para o levantamento, foi usada a metodologia
participativa com a qual foram ouvidos 132 mil adolescentes e jovens de
13 a 21 anos de todas as regiões do país. Mais de 85% dos entrevistados
são da Região Sudeste; 9,4% do Centro-oeste, 3,6 do Sul, 1,4% do
Nordeste e 0,2% do Norte.
Oito em cada 10 entrevistados disseram
que as relações dos alunos com a equipe escolar e com os colegas
precisam melhorar. Apesar das críticas, os estudantes ouvidos na
pesquisa demonstram que ainda têm vínculo afetivo com o espaço escolar:
70% deles gostam de seus colégios e 72% dizem que aprendem lá coisas
úteis para sua vida.
“Eles gostam da escola, eles não desistiram
dela. Eles querem que a escola seja diferente, mas que continue
existindo. A escola se desconectou da realidade desses alunos, e agora,
para se reconectar, vai ser importante escutá-los, ver porque não estão
aprendendo”, frisou Anna.
Para a diretora do Inovare, no mundo
todo, vive-se atualmente a maior crise do modelo educacional desde que
se criou a escola como existe hoje. “A escola de hoje foi construída na
revolução industrial para educar as pessoas em larga escala, um modelo
mais padronizado para educar muita gente ao mesmo tempo."
Anna
disse que esse modelo respondeu a uma realidade "mais cartesiana, mais
linha de produção, quando as pessoas se preparavam para uma profissão
conhecida, em um cenário mais estável". "Vivemos hoje em um mundo mais
volátil, [com] muita intermediação tecnológica, e a escola tem que
acompanhar as novas demandas”, acrescentou Anna.
A estrutura
física das escolas também é motivo de descontentamento. Para metade dos
entrevistados, a sala de aula tradicional, com carteiras dispostas em
filas, não faz parte da escola dos sonhos. Os alunos ouvidos na pesquisa
expressaram a vontade de diversificar o local em que estudam. As opções
mais populares são o uso de ambientes internos e externos e de móveis
variados, como pufes, bancadas, almofadas e sofás, dispostos em
diferentes configurações, Os entrevistados não querem estudar apenas em
lugares fechados: 44% sonham com uma escola com bastante área verde.
A
pesquisa revela ainda que 36% dos estudantes consideram que “atividades
práticas ou resolução de problemas” os faria aprender mais, e 27%
entendem que o uso da tecnologia contribui para a aprendizagem. Para
51%, a tecnologia não deveria se restringir a laboratórios de
informática, mas também estar presente nas salas de aula e em outros
ambientes.
Os jovens também acreditam que a escola deve
prepará-los para o futuro. Mesmo quando imaginam uma instituição
inovadora, 27% dizem que o foco deve ser "o preparo para o Enem e o
vestibular” e 23% dão prioridade à "preparação para o mercado de
trabalho”. Quanto ao currículo, 25% querem ter algumas disciplinas
obrigatórias e o direito de escolher outras, enquanto 21% defendem
disciplinas obrigatórias no horário de aula e eletivas no contraturno.
Para
entender o que os alunos pensam da escola e, principalmente, o que
esperam dela, a pesquisa usou uma metodologia chamada PerguntAção, que
envolveu os jovens em todas as etapas do processo – da elaboração do
questionário à análise das respostas. O questionário ficou disponível
na internet de 28 de abril a 31 de julho deste ano, para que alunos ou
ex-alunos de todo o Brasil pudessem responder às perguntas feitas com o
apoio de um conselho de especialistas e de um grupo de 25 jovens de 13 a
21 anos. Algumas secretarias de Educação empenharam-se em divulgar a
pesquisa entre os jovens.
Segundo Anna Penido, o Instituto
Inovare busca apresentar a pesquisa ao Ministério da Educação e às
secretarias de Educação, para que a voz dos jovens possa influenciar na
tomada de decisão diante dos gestores.
Fonte: Agência Brasil, em 22/9/2016.
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