Os resultados do Censo Escolar 2015, tabulados pelo Movimento Todos Pela
Educação, e divulgados recentemente, mostram que quase a metade dos
professores do Ensino Médio, em todo o país, dá aulas de disciplinas que
não são exatamente para as quais têm formação. Problema verificado
tanto na rede pública de ensino como também nas escolas privadas. As
quatro disciplinas em que o problema é mais acentuado são: Sociologia,
com apenas 12% dos professores com formação específica; Filosofia, com
23%; Artes, com 26%; e Física, com 27%.
A falta de interesse dos
jovens estudantes do Ensino Médio em se tornarem docentes, por conta da
falta de reconhecimento da carreira, além da baixa remuneração que o
mercado oferece, é uma das razões para a falta de profissionais
capacitados, acredita Fábio Silva, coordenador pedagógico do Sistema de
Ensino Ético. “Em algumas regiões do país, há casos em que na falta de
professores capacitados, contrata-se outros profissionais. Médicos, por
exemplo, dando aula de Biologia, sem qualquer metodologia e didática
ensinadas nos cursos de licenciatura”, diz.
Para Silva, há também
casos de jovens que não têm a oportunidade de se dedicar aos estudos,
por diversas causas, mas que tardiamente acabam optando por uma
graduação na área da educação, por acreditar que este seja um caminho
mais fácil para uma colocação no mercado de trabalho. “Anos após a
conclusão do Ensino Médio, muitos apostam nesse caminho, pois acham que
talvez seja a única oportunidade de conseguir concluir o Ensino
Superior”, avalia o coordenador pedagógico.
Já para os
professores que até tentam se dedicar à carreira, a baixa remuneração
acaba se tornando um impeditivo para o próprio aperfeiçoamento. “Muitos
não conseguem se dedicar à capacitação e formação porque precisam
lecionar em várias escolas para compor sua renda, não sobrando tempo
para realizar cursos extracurriculares”, defende o coordenador
pedagógico. Outro problema devido ao salário baixo é investir
financeiramente em cursos. “O ônus da capacitação acaba ficando a cargo
das escolas ou das Secretarias”, conclui Silva.
Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada, em 22/02/2017.
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